White Lock de Mark Datuin - também argumentista - é uma curta-metragem de ficção canadiana que nos remete para um pequeno grupo de pessoas atormentados por uma tragédia e pelas consequências que daí surgem.
Drew (Brandon James Sim) perde a sua bolsa de estudos enquanto Dulce (Savannah Basley) tem a hipótese de continuar os seus. No entanto, enquanto tenta manter a relação com Keemo (Andre Guantanamo) que está envolvido num problema judicial.
Valerio (David Emanuel) escuta até à saturação os comentários de uma outrora atencionsa Sharon (Annie Fairfoul) que agora parece desesperada por atenção, enquanto ele próprio olha para um casal que parecia irradiar o significado daquilo que é o amor.
As vidas de todos eles estão interligadas através de um trágico acontecimento do qual se tornam apenas uma breve e instantânea memória... conseguirá algum deles sobreviver?
Num argumento que cruza e interliga um conjunto de histórias sobre a perda e o desamor, Mark Datuin reflecte sobre a momentânea felicidade de uns pode estar directamente relacionada com a tristeza de outros numa sociedade que parece não perdoar as falhas alheias e que as penaliza sem olhar a rostos e a casos mas sim às ditaduras dos números e do desumanismo. Enquanto esta é a premissa principal de White Lock, não deixa de ser verdade que ao mesmo tempo centra a sua atenção sobre um conjunto de personagens que de imediato parecem - aos olhos do espectador - como sendo disfuncionais a viver num universo paralelo difícil de compreender e onde os seus problemas os vão consumindo de forma lenta e desgastante. É apenas quando o espectador percebe a real dimensão da ligação entre "Valerio" - por um lado - e "Keemo", "Drew" e "Sharon" - por outro - que se entende como as vidas destas quatro personagens estão interligadas de forma absoluta.
A tragédia pode criar elos e ligações difíceis de compreender ou até mesmo aceitar, mas não deixa de ser verdade que uma vez criados jamais poderão ser quebrados modificando radicalmente as vidas daqueles que por ela são afectados. De sonhos de sucesso e aplausos, aos da manutenção de um grande amor sem esquecer aqueles desejos de uma carreira académica de excelência para a qual tanto se lutou, apenas algo grave demais poderia impedir qualquer um de os concretizar. E uma vez não conseguida essa concretização, a alma vive num limbo ou num purgatório convencida de que os irá ter mas sem ter modo de lutar pelos mesmos como se de uma pena sem fim se tratasse.
Ainda que o argumento de Mark Datuin introduza ao espectador um elevado número de personagens que exigem a sua máxima atenção para entender desde o início a sua real ligação, não é menos verdade que é no final que todas as dúvidas se dissipam e o espectador compreende todos os pequenos enredos e elos que se criam. Enredo esse que é apimentado por uma direcção de fotografia de Matvey Stavitsky que os coloca a todos - personagens e espectador - num plano mais etéreo e transcendente.
Simpática e com um conjunto de personagens que oscilam entre o "fora deste mundo" e aqueles que nele têm os pés bem assentes, White Lock tece uma reflexão sobre as escolhas que fazemos, as oportunidades que temos e as barreiras que pelo caminho são colocadas.
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7 / 10
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