Soledad de Fran Moreno é uma curta-metragem espanhola de ficção que leva o espectador a um apartamento onde vive um homem idoso (Carlos Álvarez-Nóvoa) que numa cadeira de rodas se encontra fechado dentro da sua própria casa sem conseguir contactar com o mundo exterior tendo como sua única companhia um periquito.
Sem nada que comer e uma fraqueza notória, conseguirá este homem sobreviver quando parece anónimo e incontactável no mundo?
Com um argumento também da autoria do realizador, Soledad é uma intensa e tão actual reflexão sobre a solidão na terceira idade e todos aqueles pequenos grandes problemas que ganham forma e que passam desde a crise financeira à própria crise social e consequente abandono. Ou seja, consideremos o Homem no seu sentido lato, a vida que eventualmente terá vivido e as experiências que lhe foram proporcionadas que são agora colocadas em causa quando o mesmo se vê confinado num pequeno espaço que em tempos fora o fruto do seu conforto e que agora representa uma nova forma de prisão que o comprime e o impede de viver com dignidade.
Este homem - que acrescento ter vida e alma graças a um magnífico e recentemente desaparecido Álvarez-Nóvoa - é, tanto quanto sabemos, um solitário. Descobrimos o repentino desaparecimento da sua mulher quando o próprio tenta, sem sucesso, comunicar que ela faleceu. A mesma mulher que tratou dele nas débeis condições em que se encontra, que o alimentava e ajudava e que agora desaparece deixando-o ainda mais desamparado na sua nova "prisão" ao ponto de ter de recorrer à alimentação do seu animal de estimação para sobreviver mais umas horas. É então que se - nos - pergunta(mos) até quando conseguirá ele resistir sem finalmente encarar na desistência a sua "salvação"?
É desta forma que o desespero se instala, que a esperança finalmente esmorece, naquela que é uma brilhante analogia com o periquito que é finalmente libertado e que, tal como ele, se lança num mundo desconhecido; ele no vão de escadas e o periquito para um mundo que se apresenta bem maior do que aquele que até então conheceu na sua gaiola.
Sobre a solidão, sobre o desespero e a perda, sobre a falta de dignidade nos instantes finais da vida, Soledad é acima de tudo uma história sobre os dilemas modernos de uma sociedade solitária e distante que ignora aqueles que sem voz se limitam a ficar perdidos no tempo, no espaço e na memória dos demais.
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9 / 10
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Hi :-)
ResponderEliminarI´m sorry i don´t speak Portuguese... My name is "Fran Moreno" and i´m the director of "Soledad".
I just wanted you to know that I love to see how well you have understood the different underlying readings to history.
A Carlos would have loved to read .
Thank you very much and nice to meet you :-)
Fran Moreno .