Puto de Bernardo de Carvalho e Fabiana Tavares é uma curta-metragem de ficção portuguesa presente na Competição Escolas da primeira edição do Festival Internacional de Cinema de Economia e Gestão do ISEG, que hoje termina em Lisboa.
Morcego (José Pimentão) fugiu da sua pequena aldeia para tentar uma vida melhor na cidade onde agora vive as dificuldades de uma vida que não é fácil. Prostitui-se para sobreviver miseravelmente e conseguir assim ver mais um dia.
Mas depois de uma má experiência que o obriga a voltar a fugir de regresso à sua aldeia, Morcego terá de perceber que o problema não está onde se encontra mas em si que não consegue encontrar o verdadeiro lugar onde pertença.
Com um argumento também da autoria da dupla de realizadores, Puto leva o espectador a uma inesperado viagem ao submundo da prostituição e daqueles que a ela recorrem como forma de sobreviver sem, no entanto, levantar a questão sobre o passado de "Morcego", personagem habilmente interpretada por José Pimentão, não permitindo assim saber muito do seu passado para lá dos sonhos de ser alguém que achava impossível conseguir na pequena aldeia onde vivia. Tendo este desejo de fuga inerente à sua história e ao seu percurso, "Morcego" acaba por, com a passagem do tempo, tornar-se num daqueles "sem terra" que foge do seu espaço natural por não se considerar grande demais para o mesmo mas, ao mesmo tempo, nunca consegue encontrar o seu verdadeiro espaço num local que não é claramente o seu.
Encontrando-se num limbo entre o passado e o presente não tendo, no entanto, qualquer perspectiva de futuro, "Morcego" é um anónimo numa cidade grande demais que não consegue controlar, apenas remetendo-se para o já referido submundo que lhe confere o rendimento indispensável para chegar ao dia seguinte. Sem um trabalho cujo rendimento seja fixo ou tão pouco que lhe garanta a possibilidade de manter uma casa e uma vida digna, "Morcego" é apenas isso... uma alcunha na noite escura que, na prática, ninguém conhece.
José Pimentão consegue atingir o propósito da sua personagem na medida em que por um lado apresenta-nos um indivíduo que deseja o seu anonimato. Dele pouco ou nada sabemos para lá de que é um jovem prostituto que se sujeita noite após noite a alguns encontros sexuais ocasionais com outros homens que pagam por momentos de prazer com um ideal de juventude que já não possuem. Por outro, Pimentão também faz o espectador entender que os seus sonhos - também eles anónimos - são maiores e mais esperançosos sendo, no entanto, difíceis de concretizar e como tal impronunciáveis.
Sem amigos que se destaquem, "Morcego" vive num espaço aparentemente abandonado na companhia de "Mentolitos" (Pedro Gomes) outro que, como ele, parece limitar-se a passar pela vida tendo deixado os seus sonhos de lado. "Morcego" vive de encontros e momentos ocasionais com aqueles com quem se cruza. Vive de e para a noite. Vive desse anonimato que esconde aquilo que em tempos pensou e desejou. Esconde-se de tudo e de todos. Sem projectos - ele próprio não parece já recordar daquilo que fugiu - e sem um local para onde se possa dirigir e considerar como um "lar", "Morcego" foge... Mas foge principalmente dele. Foge sem rumo até um dia já não ter lugar para onde fugir.
Com uma interessante direcção de fotografia de Jorge Pereira que capta o já referido silêncio e anonimato de uma noite interminável, Puto destaca-se ainda pela direcção de arte que confere a todo o espaço uma imagem de abandono e degradação e pela sua mensagem de sobrevivência à qual se sujeita todo aquele que quer ver a cor do dia seguinte mas que para lá chegar sabe que tem de passar por momentos que irá um dia querer esquecer.
Morcego (José Pimentão) fugiu da sua pequena aldeia para tentar uma vida melhor na cidade onde agora vive as dificuldades de uma vida que não é fácil. Prostitui-se para sobreviver miseravelmente e conseguir assim ver mais um dia.
Mas depois de uma má experiência que o obriga a voltar a fugir de regresso à sua aldeia, Morcego terá de perceber que o problema não está onde se encontra mas em si que não consegue encontrar o verdadeiro lugar onde pertença.
Com um argumento também da autoria da dupla de realizadores, Puto leva o espectador a uma inesperado viagem ao submundo da prostituição e daqueles que a ela recorrem como forma de sobreviver sem, no entanto, levantar a questão sobre o passado de "Morcego", personagem habilmente interpretada por José Pimentão, não permitindo assim saber muito do seu passado para lá dos sonhos de ser alguém que achava impossível conseguir na pequena aldeia onde vivia. Tendo este desejo de fuga inerente à sua história e ao seu percurso, "Morcego" acaba por, com a passagem do tempo, tornar-se num daqueles "sem terra" que foge do seu espaço natural por não se considerar grande demais para o mesmo mas, ao mesmo tempo, nunca consegue encontrar o seu verdadeiro espaço num local que não é claramente o seu.
Encontrando-se num limbo entre o passado e o presente não tendo, no entanto, qualquer perspectiva de futuro, "Morcego" é um anónimo numa cidade grande demais que não consegue controlar, apenas remetendo-se para o já referido submundo que lhe confere o rendimento indispensável para chegar ao dia seguinte. Sem um trabalho cujo rendimento seja fixo ou tão pouco que lhe garanta a possibilidade de manter uma casa e uma vida digna, "Morcego" é apenas isso... uma alcunha na noite escura que, na prática, ninguém conhece.
José Pimentão consegue atingir o propósito da sua personagem na medida em que por um lado apresenta-nos um indivíduo que deseja o seu anonimato. Dele pouco ou nada sabemos para lá de que é um jovem prostituto que se sujeita noite após noite a alguns encontros sexuais ocasionais com outros homens que pagam por momentos de prazer com um ideal de juventude que já não possuem. Por outro, Pimentão também faz o espectador entender que os seus sonhos - também eles anónimos - são maiores e mais esperançosos sendo, no entanto, difíceis de concretizar e como tal impronunciáveis.
Sem amigos que se destaquem, "Morcego" vive num espaço aparentemente abandonado na companhia de "Mentolitos" (Pedro Gomes) outro que, como ele, parece limitar-se a passar pela vida tendo deixado os seus sonhos de lado. "Morcego" vive de encontros e momentos ocasionais com aqueles com quem se cruza. Vive de e para a noite. Vive desse anonimato que esconde aquilo que em tempos pensou e desejou. Esconde-se de tudo e de todos. Sem projectos - ele próprio não parece já recordar daquilo que fugiu - e sem um local para onde se possa dirigir e considerar como um "lar", "Morcego" foge... Mas foge principalmente dele. Foge sem rumo até um dia já não ter lugar para onde fugir.
Com uma interessante direcção de fotografia de Jorge Pereira que capta o já referido silêncio e anonimato de uma noite interminável, Puto destaca-se ainda pela direcção de arte que confere a todo o espaço uma imagem de abandono e degradação e pela sua mensagem de sobrevivência à qual se sujeita todo aquele que quer ver a cor do dia seguinte mas que para lá chegar sabe que tem de passar por momentos que irá um dia querer esquecer.
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