Como Enterrar a Ex de Joe Dante foi o filme que esta tarde passou na sala Manoel de Oliveira do Cinema São Jorge onde até ao próximo dia 13 decorre a nona edição do MOTELx - Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa.
Max (Anton Yelchin) e Evelyn (Ashley Greene) vivem uma relação de um sonho aparente. Enquanto Max vive preso a um negócio que parece não o levar a algum lado, Evelyn tenta trazê-lo para uma realidade - a sua - mostrando-se uma perfeita e adorável (apenas para ele) ditadora.
Quando Max decide terminar a relação com Evelyn, esta sofre um brutal acidente que a mata deixando-o por um lado "aliviado" e por outro com uma enorme sensação de perda. Mas, o que aconteceria se tivesse uma segunda oportunidade com esta relação?
Inspirado na curta-metragem homónima cujo argumento é, tal como aqui, da autoria de Alan Trezza, Burying the Ex é o regresso de Joe Dante à realização de uma longa-metragem depois de The Hole (2009). Se por um lado esta é uma simpática comédia de "terror" pós-adolescente que tanta conquistar os sorrisos dos espectadores por alguma boa disposição que confere às suas personagens mais ou menos características, não é menos verdade que Dante está longe - muito longe - da sua época dourada onde entregou aos seus fãs aqueles que são hoje considerados filmes de culto como Piranha (1978), Gremlins (1984), The Explorers (1985), Innerspace (1987) ou Gremlins 2: The New Batch (1990). Mais concentrado em se tornar no próximo "filme-pipoca" que atrai multidões às salas de cinema graças aos seus jovens actores protagonistas que como Yelchin, Green ou Alexandra Daddario fazem as delícias de um público também ele juvenil, Burying the Ex restringe-se a algumas piadas de circunstância onde (in)felizmente os mortos-vivos também não abundam - nem precisavam - e a colocar a temática do oculto (ou pelo menos uma sombra do mesmo) em cena tal como acontecera em Gremlins... Sorte temos que as semelhanças se mantém por aí e que ninguém arriscou comparações mais sérias com as anteriormente referidas obras.
Dito isto, se retirarmos algum humor de circunstância onde dois dos protagonistas parecem estabelecer uma química instantânea - Yelchin e Daddario - e que ambos são acérrimos fãs de algumas obras cinematográficas de culto ou até mesmo o humor mais grotesco encarnado pelo "Travis" de Oliver Cooper, o que resta de Burying the Ex? Pouco... muito pouco. Não existe nenhuma ligação credível entre espectador e personagens... pelo menos não uma que perdure como aquele que foi conseguida em Gremlins ou em Innerspace, e tão pouco parecem querer que o espectador perceba que o estão a fazer com muito gosto limitando-se (e a nós) a seguir um guião mais ou menos explorado em dezenas de obras do género - tendo Life After Beth, de Jeff Baena exibido na edição anterior do MOTELx como directo "concorrente" - e deixando de lado elementos mais interessantes como, por exemplo, as origens daquele misteriosa estatueta demoníaca - mas pouco - que essa talvez tivesse algo mais interessante por contar.
Ligeira, como qualquer comédia teen de Verão que não obriga o espectador a pensar muito sobre o enredo e/ou motivações das personagens, Burying the Ex é em iguais proporções olvidável não conseguindo destacar-se por qualquer momento com a excepção - provavelmente - do vómito mais asqueroso desde aquele de The Exorcist.
Anton Yelchin vive num misto de namorado dominado por uma activista ecológica e enojado com a visível degradação da mesma enquanto esta, interpretada por Ashley Greene - go green... será alguma piada "oculta"? - oscila entre dominadora... e muito dominadora deixando apenas um pequeno - muito pequeno - espaço para Alexandra Daddario brilhar um pouco - com muita pena minha confesso - e conseguir entregar a Oliver Cooper alguns dos momentos mais carismáticos de um filme que facilmente irá cair nos locais mais escondidos da memória humana - talvez para Dante seja até um aspecto positivo.
Simpático sem conseguir ganhar grande número de fãs, ignorando até os mais distraídos que quem assina este filme é um realizador que já detém tantas obras de culto, Burying the Ex tinha um certo potencial para se tornar num filme bem construído se explorasse mais as suas personagens - possivelmente aquilo que ficou por fazer - conferindo-lhes mais espírito e menos "seguir o livro" conseguindo, apesar de tudo, de ser um breve marco de entretenimento... ligeiro... muito ligeiro.
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6 / 10
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