O Atelier de Edgar Duvivier é uma curta-metragem brasileira de ficção a qual é também interpretada pelo próprio como "António", um imobiliário que conhece Maria (Maria Clara Gueiros), a filha de um importante artista já falecido, que o contrata para vender o atelier do pai. Uma vez aí, António decide dar lugar à imaginação e seguir as pisadas do famoso artista.
Com um sério problema de afirmação do seu argumento, O Atelier vive de uma clara vontade em demonstrar que a arte ocupa um lugar maior dentro da mente e espírito de todos nós mas que, no entanto, por falta de convicção em passar da teoria à prática, a mesma acaba por "morrer" nos confins da nossa imaginação mais acomodada ao lado mais prático - e imediato - de um mundo em constante transformação.
Esta breve descrição seria - também na teoria - a ideal e pretendida por Duvivier que, no entanto, foi incapaz de a transpôr ao espectador limitando-se a um caminho mais fácil e também mais ajustável, ao criar uma história que na prática é uma curta-metragem mas que, na teoria, se ficou pelas boas intenções de uma história que não chegou a ver a luz do dia.
Em O Atelier, o espectador perde-se nos instantes iniciais quando se depara com algum amadorismo - que desconhece se propositado ou se por falta de meios - que condiciona toda a dinâmica da história, levando aqueles que a ela assistem a perguntar se esta história foi realmente inacabada ou simplesmente tentada como um ensaio de por porvir.
Assumidamente frágil ao ponto de parecer uma obra experimental - não o sendo -, O Atelier centra-se na ideia de que todo o Homem é um artista por cumprir quando, na realidade, alguns ficariam melhor colocados como (bons) espectadores confirmados. Sem um fundo conexo de ideias ou uma fluência capaz de a assumir como uma curta-metragem interessante, O Atelier perde-se à medida que o tempo passa distanciando o espectador de conseguir firmar qualquer tipo de interesse pela sua narrativa.
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