sexta-feira, 11 de setembro de 2015

O Tesouro (2015)

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O Tesouro de Paulo Araújo é uma curta-metragem de ficção portuguesa e uma das dez nomeadas ao Prémio MOV MOTELx de Melhor Curta-Metragem Portuguesa de Terror presente nesta nona edição do MOTELx - Festival Internacional de Cinema de Terror a decorrer no Cinema São Jorge, em Lisboa até ao próximo dia 13 de Setembro.
Três irmãos fidalgos - Rui (Ricardo Ferreira de Almeida), Rostabal (Tiago Pires) e Guanes (Pedro Pinto de Carvalho) - encontram-se numa demanda por um cofre cheio de ouro. Quando a miséria faz definhar o mais nobre dos sentimentos, está no seio dos três irmãos a eterna questão de como se irá dividir todo o espólio encontrado... nem que para isso se tenha de impôr a morte.
Paulo Araújo e Ricardo Ferreira de Almeida assinam o argumento desta curta-metragem tendo como base o conto de Eça de Queirós e com o qual o espectador pode estabelecer uma imediata comparação com o Portugal dos nossos dias - estando no entanto este filme curto a retratar uma portugalidade na sua génese - na medida em que (como foi dito numa brilhante apresentação de Manuel João Vieira antes da curta ser exibida) "estamos perante as acções de um grupo de homens num país perdido". Perdido não no espaço mas na sua concepção de uma ordem, de uma ideia de progresso e de um plano orientador para a concretização do seu futuro onde sobrevivem aqueles que encontram um esquema para se apoderar dos recursos que poderiam ser de todos e não de apenas um privilegiado.
Na essência o que aqui é apresentado por O Tesouro mais não é do que um ensaio sobre a essência humana. Três homens - que são irmãos - procuram um tesouro perdido (ou escondido) como forma de poderem com ele saciar todas as suas carências elevando-se um pouco mais para além da miserabilidade em que definham lentamente. No entanto, é quando este tesouro é encontrado que finalmente se revelam as suas verdadeiras naturezas iniciando de imediato uma tentativa de repartir de forma (des)igual o espólio e, por impossibilidade de o transportar dois deles conspiram contra o terceiro relembrando-se de como este sempre fora regido pela avareza e pela mesquinhez esquecendo-se de partilhar quando sempre tivera muito.
Aos poucos, e de forma muito pouco subtil, os dois irmãos planeiam a morte de "Guanes" que se deslocara à cidade para trazer transporte e alimento podendo agora sobreviver de forma mais nobre. No entanto, o próprio "Guanes" revela os seus próprios planos sobre como acha que o mal-fadado tesouro deveria ser repartido e as acções dos três homens rapidamente revelam a junção de vários pecados capitais reunindo a ganância, a ira, a gula e a cobiça que rapidamente entram numa espiral de corrupção - pessoal e moral - dando lugar ao sangue e à morte.
Quando a ganância é a mãe de todas as desavenças e a morte a sua solução - será? - O Tesouro retrata o fim de todas as irmandades, onde o Homem não reconhece o sangue - o seu - nem tão pouco a Humanidade ou benevolência que a riqueza lhe poderia conferir. Num espaço que se revela tão selvagem e inóspito como as acções dos irmãos de Medronhos, O Tesouro prima pelo seu lado característico de época nomeadamente o guarda-roupa de Isabel Feliciano e a caracterização na qual partilha os créditos com o realizador Paulo Araújo, não deixando de ter na sua essência a degradação e degeneração do Homem (da Humanidade) e pelas interpretações dos referidos irmãos que revelam o pior lado do Homem corrompido pela (sua) sede de poder.
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7 / 10
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