Palo Blanco de Igor Galuk é uma curta-metragem argentina de ficção cujo argumento - também da autoria de Galuk - conta a história de Natalia (Natalia Pelayo), uma mulher que abandona a pequena cidade de interior em que vive dirigindo-se para Buenos Aires onde espera ter uma vida melhor caindo, no entanto, na certeza de que os tempos estão cada vez mais complicados.
Num claro conflito entre o campo e a cidade, esta curta-metragem de Igor Galuk centra a sua dinâmica nos contrastes entre ambos estabelecendo que o espaço de onde provêm é o tal meio subdesenvolvido onde não consegue evoluir e a cidade o local onde tudo acontece. Mas, no entanto, e se a percepção inicial condenar o seu julgamento a uma realidade diferente? E se aquele local em que se encontra fora, na realidade, aquele que a fazia movimentar-se e evoluir de forma diferente e quase exclusiva, relegando para a cidade o espaço onde todo o seu tempo se dedica a trabalhar mas a enclausurar-se num anonimato que a condenam ao esquecimento?!
"Natalia" portanto, celebra a vida no seu meio natural, no campo perdido onde tudo lhe acontece e que, em todas as vertentes, a formou e "educou" enquanto a cidadã que hoje é deixando-a florescer e crescer. Dança na praia como símbolo da sua verdadeira liberdade e celebra o espaço como um pouco do seu ser enquanto na cidade para a qual emigra, aproxima-se da tecnologia que a pode pôr em contacto com o mundo mas distante da referida vida que espera(va) ter. Assim, enquanto a cidade confirma uma certa evolução, esta traduz-se, no entanto, numa degradação, insatisfação e incerteza que a deixam deslocada contrastando portanto com a sua vila no campo onde a tranquilidade e as (poucas) garantias que alcança a deixam aí sim, evoluir enquanto pessoa.
Numa reflexão explícita entre o passado e o futuro, o campo e a cidade, a evolução e o retrocesso, Palo Blanco tenta, acima de tudo, exaltar e celebrar o poder de ser capaz de viver. Reflecte ainda sobre a falsa percepção de que é sempre "noutro local" o espaço ideal para poder crescer e encontrar o seu desenvolvimento quando, na realidade, este pode encontrar-se ao virar da esquina nas pequenas grandes coisas que sempre conhecemos. No final permanece apenas uma questão... poderá estar naquilo que temos como garantido a resposta para todas as nossas dúvidas existenciais?
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