sábado, 12 de setembro de 2015

Cop Car (2015)

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Cop Car de Jon Watts é uma longa-metragem norte-americana e a mais recente interpretação de Kevin Bacon que será exibida na secção Serviço de Quarto da nona edição do MOTELx - Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa a decorrer no Cinema São Jorge até ao próximo domingo.
Tudo começa quando Travis (James Freedson-Jackson) e Harrison (Hays Wellford) - dois miúdos fugidos de casa - encontram um carro da polícia no meio de um descampado e o roubam para sua diversão.
No entanto, quando o Xerife Kretzer (Kevin Bacon) se coloca no seu encalço para esconder os seus pequenos programas paralelos, os acontecimentos ganham novos contornos e o seu desfecho poderá não ser o melhor.
Possivelmente um dos títulos maiores do festival graças ao destaque de Kevin Bacon como protagonista, Cop Car abre com um longo segmento pelo descampado que "Travis" e "Harrison" percorrem como dois potenciais criminosos de longa craveira. No entanto, aquilo que os distancia de tal rótulo é a sua jovem idade e uma aparente inocência dos seus actos que apenas pressupõem uma diversão infantil que não é capaz de medir as consequências dos seus actos.
Agindo apenas com o impulso do momento, os dois jovens colocam-se numa inesperada situação junto de um polícia local que é tudo menos honesto, e do qual o espectador toma conhecimento momentos depois dos jovens terem roubado o carro num momento de flashback temporal onde os jovens ainda não "existiam" nesta dinâmica. É neste espaço temporal que o espectador fica a conhecer que "Kretzer" é tudo menos o "braço da lei", e que as suas acções denotam um passado recente repleto de acções que são assumidamente ilícitas quando um corpo é retirado da mala do carro pelas suas próprias mãos.
Naquele que é assumidamente um jogo de gato e do rato onde o argumento de Christopher D. Ford e Jon Watts dá lugar a uma pouco vulgar perseguição silenciosa, Cop Car oscila entre um passo lento com acontecimentos mais ou menos violentos e um conjunto de interpretações das quais só escapam Freedson-Jackson e Wellford que dão vida às suas jovens personagens como não se tratassem de dois actores com um guião a seguir. Entre uma amizade infantil e o receio proveniente de actos menos correctos que os dois percebem ter cometido começando logo de imediato pela sua fuga de casa, os dois jovens fazem quase tornar irrelevantes todas as demais interpretações - Kevin Bacon incluído - que em todo o filme mais parecem decorativas ao ponto de fazerem menos sentido do que o próprio carro que ambos roubam (Camryn Manheim lamento... mas estás longe do teu interessante potencial).
De interpretações insípidas e sem alma - talvez pelo próprio vazio que as suas personagens representem pela falta de princípios morais - a um passo extremamente lento que o argumento confere ao filme, Cop Car torna-se numa longa-metragem aborrecida de longos planos e poucos elementos, que não explora aquilo que poderia ser eventualmente o melhor da mesma, ou seja, a amizade entre os dois jovens que parecem ter um passado suficientemente problemático e que os levou a querer fugir daquilo que os atormentava para acabarem numa situação que ultrapassaria as suas férteis imaginações.
Como momento positivo - ou pelo menos não tão negativo - está o espalhafatoso segmento final onde todos têm - finalmente - um encontro com o seu destino que os transforma sem ser positivo mas que para o espectador parece algo retirado de uma telenovela mal redigida e que aos poucos foi colada na tentativa de fazer algum - nenhum - sentido. Essencialmente Cop Car é um filme oco cuja única mensagem mais "normal" que é capaz de transmitir é que mesmo nos locais aparentemente mais tranquilos e onde nada acontece, podem surgir momentos em que a violência ultrapassa tudo aquilo que alguma vez se foi possível conceber.
Positiva - e aqui sem qualquer tipo de reservas - está a direcção de fotografia de Matthew J. Lloyd e Larkin Seiple que conferem a este filme uma utilização das cores e luzes de um dia de Verão escaldante que transforma os comportamentos daqueles que povoam o local, levando-os a um misto de inactividade excitante e a um pensamento mais limitado fruto da mesma. Os olhares são então captados como num misto de desespero e irritabilidade que - também eles - não conseguem fazer valer para que este filme se considere bem sucedido. (Sobre)vive assim mais à custa do nome sonante do seu protagonista - estando mesmo assim longe do melhor vilão já interpretado por Bacon - do que propriamente por todos os elementos que fazem dele... um filme.
Se uma palavra apenas pudesse ser utilizada para definir Cop Car, essa seria sem qualquer margem para dúvida "enfadonho" tornando-se num dos filmes menos cativantes - até ao momento - do MOTELx.
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4 / 10
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