A Caçada de Fritz Kiersch é uma longa-metragem norte-americana e assumidamente um daqueles filmes que queremos esquecer graças a todo um conjunto de elementos que se sobrepõem.
Jack (Joe Michael Burke) é um entusiasta pela caça. Para causar boa impressão a Clint (Mitchell Burns) de oito anos, convida Atticus Monroe (Robert Rusler) um antigo câmera, para o ajudar num vídeo sobre caça.
Quando Jack e Atticus decidem passar uma vedação para uma área restrita com o propósito de conseguirem capturar e filmar um veado, percebem que não estão isolados naquele território podendo eles próprios passar de caçadores... a presas.
Aquilo que se destacou como uma imediata falta de bom senso neste filme foi, para lá da sua evidente pobre construção fílmica, foi o facto de pretenderem ludibriar o espectador mais desatento com o "atractivo" de que estamos perante uma história verídica e mesclar uma ideia de "found footage" com imagens recriadas e ainda dois investigadores próximos dos "desaparecidos" que resolvem fazer a sua própria investigação para lá da oficial. Se tudo isto não era já de si uma mistura explosiva - no pior dos sentidos - eis que se resolve ainda adicionar a este painel uma conspiração governamental que decide destruir documentos que provem quem são afinal os verdadeiros predadores.
De insulto em insulto - intelectual pelo menos - The Hunt sobrevive ainda com um conjunto de lugares comuns narrativos nomeadamente a relação padrasto/enteado que vê neste passeio/caçada a oportunidade de criarem um laço afectivo mais forte ou até mesmo o jornalista desgraçado graças a um problema de alcoól - cliché cliché - que tenta de forma pouco ortodoxa alcançar a sua oportunidade graças a "algo" que suspeitam ter visto na mata.
Mas quando pensamos que já pouco pode tornar-se pior, aquilo que realmente me deixou mais espantado - novamente pela negativa - com este filme foi não só a necessidade extrema de transformarem todos os habitantes da pequena localidade em parolos quase animalescos - "teriam sido eles os devoradores dos desaparecidos?" pensa o espectador a certa altura - e ainda a equipa não oficial que investiga os desaparecimentos que torna quase absurda a sua pesquisa ao andar sempre de câmara na mão sem - na prática - conseguir perceber para que a dita serve...
Filmes existem que podem ser maus por não conseguirem transmitir ou uma história verosímil, um conjunto de interpretações cuja química funcione ou até mesmo a nível técnico existir algo que falhe ou não seja apelativo mas The Hunt consegue vencer por ser um dos que apresentam todo um conjunto de elementos que falham - os aqui já referidos - e por ainda tentar passar um atestado de ignorância ao espectador que se dispõe a vê-lo ao querer passar a ideia de se tratar de um filme "sério" e cujos propósitos jornalísticos e de investigação são feitos com a máxima seriedade.
De momento pobre a momento ainda mais pobre eis o momento em que descobrimos aquilo que realmente tem acompanhado os nossos protagonistas transformando-os na verdadeira "caça" deste filme... Um conjunto de extra-terrestres - vá lá que não os associaram à já referida população da pequena cidade - também eles executados de uma forma rudimentar/efeitos especiais não lhes conferindo qualquer aspecto verdadeiramente assustador ou tão pouco real e credível que interagisse com os humanos que mais não são do que a sua fonte de alimento.
Bastando apenas uma palavra para definir toda esta pobre e malfadada experiência, aquela que eu facilmente escolheria era "insultuosa". É um verdadeiro insulto aquilo que o realizador de Children of the Corn (1985) - esse sim um filme que meteu respeito (medo) para os que o viram em jovem idade - aqui tenta (des)construir e que mais parece um verdadeiro teste à paciência e ao bom senso - não existe neste caso - do espectador. Na prática nem serve enquanto filme de "terror" que tantos gostam de ver madrugada fora mas... quem não conhece cai no erro de perder hora e meia da sua vida a vê-lo... Avisados que estão... cada um por sua conta.
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