Ermida de Vasco Esteves é uma curta-metragem de ficção portuguesa e uma das dez nomeadas ao Prémio MOV MOTELx de Melhor Curta-Metragem Portuguesa de Terror que teve ontem a sua exibição juntamente com a longa-metragem Burying the Ex, de Joe Dante nesta que é a nona edição do MOTELx - Festival Internacional de Cinema de Terror a decorrer no Cinema São Jorge, em Lisboa até ao próximo Domingo dia 13 de Setembro.
Numa ermida abandonado no topo de uma colina, Sofia (Rita Silva) prepara-se para se entregar a Miguel (Vicente Wallenstein) aquele que será possivelmente o seu primeiro namorado. Mas, no interior daquela ermida algo escondido e tenebroso está preparado para se revelar.
Nada com maior tradição no cinema de terror do que a junção de um local abandonado ainda com vestígios de um passado distante tornando dessa forma impossível o recurso a um qualquer auxílio que tarde ou nunca chegará e o eterno grupo de adolescentes que se refugia no mesmo para disfrutar do seu primeiro encontro sexual - para alguns proibido. Ermida segue a tradição ao juntar esses elementos criando assim uma interessante e tensa atmosfera mas, ao mesmo tempo, recorre a um terror que espreita mais nas sombras psicológicas do que propriamente nos recantos ocultos de um qualquer espaço. Assim temos aqui um terror que se assume como sendo mais íntimo do que exterior, residindo exclusivamente na complexidade da mente humana.
O argumento de Guilherme Daniel explora assim o despertar de uma sexualidade reprimida e as inseguranças que lhe estão associadas e a sua estreita ligação para com a perda da inocência que aqui se manifesta com um homicídio... inicialmente do "outro" que faz perder a inocência e de seguida do "eu" que nunca mais voltará a ser o mesmo face às circunstâncias.
Interessante mais pelo seu argumento e premissa - bem como pela escolha do local - Ermida treme um pouco pelas suas interpretações cujas personagens deixam muito por explorar... Afinal, seria a primeira vez que "Miguel" ia para aquele local... Estará "Sofia" assim tão inocente e inexperiente? São principalmente estas as questões que ficam por responder quanto ao íntimo das personagens e não tanto a consequência que se adivinha como um "acidente" no percurso de ambos e do qual jamais irão regressar tal como antes eram.
Não partindo logo de imediato como uma das curtas-metragens na linha da frente, Vasco Esteves consegue com Ermida criar uma interessante ambiência que prima por recorrer aos mais frágeis segmentos de uma mente instável e que poderia, tanto para o interesse da história como do espectador, um desenvolvimento futuro.
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