Limanakia de António da Silva é uma curta-metragem portuguesa presente na secção Hard Nights - António da Silva da décima-nona edição do QueerLisboa - Festival Internacional de Cinema Queer a decorrer no Cinema São Jorge, em Lisboa.
Esta curta-metragem transporta o espectador para Limanakia, uma área a sul de Atenas, na Grécia que é uma zona rochosa junto ao mar frequentada por muitos homossexuais locais e turistas que ali tomam banhos de sol, mar e ocasionais encontros sexuais.
Desde o primeiro instante que o realizador português transporta o espectador para um traço já seu habitual - o voyeurismo - mas aqui para lá de documentar os rituais de sedução e prazer aos quais já nos habituou, constrói um filme que mescla a ficção ao transformar aquele local num espaço francamente surrealista onde os corpos são filmados como se de antigas estátuas e figuras mitológicas se tratassem remetendo o público para o imaginário dos antigos contos clássicos da História.
Assim, se por um lado temos um registo das práticas e dos encontros daqueles que frequentam o local cujos propósitos variam entre o disfrutar do clima ao disfrutar dos ocasionais encontros sexuais que ali se proporcionam, não é menos verdade que é em torno destes que é (in)voluntariamente construída uma história mitológica, sexual, romântica que se sobrepõe através de um conjunto de imagens editadas que transmitem ao espectador uma continuidade narrativa ainda que, muitos destes momentos se percebam mais distantes uns dos outros do que aquilo que o lado ficcionado tende a querer mostrar.
Sem expôr qualquer rosto - tal como muitas das estátuas da Antiguidade Clássica que apenas exibem o corpo como o (um) ideal de beleza - Limanakia exibe sem qualquer pudor o físico masculino sob as mais diferentes formas, curvas e tamanhos remetendo o espectador para um claro culto do corpo, do sexo, do prazer e do voyeurismo - deles e nosso - apenas abafados pelo som mais ou menos intenso da água do mar que acompanha ritmicamente os momentos de prazer que estes homens procuram e têm.
Assertivo tal como as demais obras de António da Silva já aqui comentadas, Limanakia diverge das mesmas ao afastar-se um pouco do lado documental já evidenciado, entrando claramente num domínio mais ou menos ficcionado, e que deixa o seu público a questionar-se sobre como será uma sua obra que exiba mais propositadamente esta nova característica.
.
7 / 10
.
Sem comentários:
Enviar um comentário