Mahi va Man de Babak Habibifar é uma curta-metragem iraniana de ficção que num sentido e emotivo registo capta a mais pura e honesta amizade na vertente Homem e Animal.
Um homem cego (Babak Habibifar) vive isolado numa casa onde a sua única companhia é a de um peixe num aquário. Mas um dia esse aquário parte-se e a estima que o une ao seu peixe fica ameaçada.
Habibifar, realizador, argumentista e intérprete único desta curta-metragem que também produz, tem nesta história um exemplo notável sobre aquilo que representa a solidão. Uma solidão não só de um homem com uma idade já avançada mas também num homem que padece de cegueira condicionando portanto não só a sua vida como a percepção que tem daquilo que o rodeia. Assim pensamos nós...
Se a solidão deste homem é um facto registado em câmara, não deixa de ser uma realidade que condicionado não é algo que corresponde à realidade contrariando portanto a imediata noção que o espectador tem das capacidades deste homem.
Para lá da tragédia de todas as sociedades modernas - a solidão e o anonimato - aquilo que se destaca mais nesta curta-metragem é, não a dita tragédia, mas sim a forma como depois da mesma - à qual se acresce a sua suposta incapacidade - se consegue lutar de forma aguerrida pela manutenção daquilo que o une a uma sanidade que parece não ter desaparecido. É quando o aquário do seu peixe cai no chão e se parte, provocando o início de uma asfixia do seu peixe, que ele consegue controlar os seus instintos e movimentar-se pelo espaço determinado a salvar a sua vida. Com uma clareza desarmante, este homem tapa o ralo da cozinha em que se encontra e inicia um longo processo de verter água para o chão criando uma imensa piscina/aquário por onde o seu animal de estimação pode circular livremente e manter a sua vida.
Num mundo muito próprio em que a solidão é a única certeza e garantia que tem, Habibifar (personagem) abdica de um pouco de conforto físico em nome daquele psicológico que um frágil animal que consegue conferir mantendo, no final, toda uma satisfação de que não só salvou uma vida como principalmente manteve aquela do seu melhor - e único - amigo.
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8 / 10
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