Palhaços de Pedro Crispim é uma curta-metragem portuguesa de ficção vencedora do Sophia Estudante de Melhor Ficção conferindo-lhe assim uma nomeação directa para os Sophia da Academia Portuguesa de Cinema na respectiva categoria.
Marco (André Júlio Teixeira) e Jorge (Jorge Paupério) estão numa mata. A sua relação para ultrapassar aquela de uma simples amizade. Marco gosta de Luísa (Inês Curado) e Jorge não parece disposto a ser trocado por uma mulher. No final daquele que deveria ser o seu mais recente espectáculo... Jorge decide agir.
Da homossexualidade à vingança, de um vislumbre de crime organizado ao isolamento do espaço, o argumento de Palhaços da autoria do própria realizador é assumidamente um filme curto que não se priva de criar toda uma atmosfera onde o mais banal dos acontecimentos serve de gatilho para todo um conjunto de situações limite das quais poucos conseguirão sobreviver.
Os primeiros instantes desta curta-metragem espelham de imediato aquilo que determina o ambiente e a trama. O espectador assiste a dois homens com caracterização e pintura de palhaços mas pressente que irá assistir a algo que não o irá fazer (sor)rir. A tensão entre os dois homens - "Marco" e "Jorge" - é sentida ao mesmo tempo que fica silenciosamente explícito que algo mais sentimental - eventualmente apenas sexual - ocorre(u) entre os dois. E se "Marco" parece querer libertar-se das amarras outrora impostas por um dominante "Jorge", este agora no seu extremo e ultrapassando os seus limites não quer - forçosamente - libertar-se de algo que percebemos só existir na sua mente.
Se o breve momento exterior denota uma tensão latente, não é menos verdade que os interiores de um camarim desarrumado reflectem o estado de espírito destes dois homens que vivem numa mescla de (in)dependência que ultrapassa as suas limitações... De um lado cómico que o espectador nunca assiste a uma evidente faceta mais humana, carnal, rude e até mesmo violenta, a tensão acumula-se lentamente entre um trio que é completado por "Luísa" (Inês Curado), o outro peso de uma balança sentimental que tem "Marco" como o seu centro.
Se o espectador suspeita daquela inesperada e invulgar casa de espectáculos onde os artistas parecem presos a um vínculo não identificado, o seu misterioso ambiente exterior que não deixa ninguém tranquilo. Durante o dia silencia os segredos sentimentais que todos pretendem esconder enquanto que pela noite oculta os crimes cometidos como que de um alibi se tratasse. É um facto quase evidente que o espectador percebe que aqui não existem inocentes mas, no entanto, fica a dúvida sobre até onde se estende a manta dos pecados de cada um...
Jorge Paupério tem aquela que é a interpretação central de toda esta trama assumindo a sua personagem como um homem no limite. Um homem rejeita, despeitado e não reconhecido na sua arte que um dia ultrapassa os seus próprios limites tornando-se num mordaz e impiedoso predador que sente nada ser... se não fôr seu. Disposto a tudo pois nada tem a perder quando já não é seu, o seu "Jorge" é um homem marcado pela rejeição sentimental, profissional e até mesmo etária, uma vez que os anos passam não perdoando o homem que agora é... e a lembrança daquilo que em tempos foi. Seria inclusive interessante (re)descobrir as origens deste homem... o seu passado mais feliz e as transformações que o levaram a chegar a este ponto da sua vida... acabado, desgastado e prestes a ser esquecido. Porque um amor não correspondido e até mesmo despeitado levam o Homem ao limite... e às fronteiras de uma mente perdida num espaço desconhecido.
Com uma caracterização exímia de Susana Pinto que transforma o elemento mais alegre de um circo num desagradável e incomodativo vilão que todos podem temer e uma direcção de fotografia de Miguel Ângelo que deixa o espectador - por momentos - num limbo claustrofóbico do qual não se sabe quem irá sair vitorioso e que fazem de Palhaços um interessante e bem construído filme curto que se assume como um eventual mais forte candidato ao Sophia Estudante a atribuir em Maio próximo numa cerimónia a realizar no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
Marco (André Júlio Teixeira) e Jorge (Jorge Paupério) estão numa mata. A sua relação para ultrapassar aquela de uma simples amizade. Marco gosta de Luísa (Inês Curado) e Jorge não parece disposto a ser trocado por uma mulher. No final daquele que deveria ser o seu mais recente espectáculo... Jorge decide agir.
Da homossexualidade à vingança, de um vislumbre de crime organizado ao isolamento do espaço, o argumento de Palhaços da autoria do própria realizador é assumidamente um filme curto que não se priva de criar toda uma atmosfera onde o mais banal dos acontecimentos serve de gatilho para todo um conjunto de situações limite das quais poucos conseguirão sobreviver.
Os primeiros instantes desta curta-metragem espelham de imediato aquilo que determina o ambiente e a trama. O espectador assiste a dois homens com caracterização e pintura de palhaços mas pressente que irá assistir a algo que não o irá fazer (sor)rir. A tensão entre os dois homens - "Marco" e "Jorge" - é sentida ao mesmo tempo que fica silenciosamente explícito que algo mais sentimental - eventualmente apenas sexual - ocorre(u) entre os dois. E se "Marco" parece querer libertar-se das amarras outrora impostas por um dominante "Jorge", este agora no seu extremo e ultrapassando os seus limites não quer - forçosamente - libertar-se de algo que percebemos só existir na sua mente.
Se o breve momento exterior denota uma tensão latente, não é menos verdade que os interiores de um camarim desarrumado reflectem o estado de espírito destes dois homens que vivem numa mescla de (in)dependência que ultrapassa as suas limitações... De um lado cómico que o espectador nunca assiste a uma evidente faceta mais humana, carnal, rude e até mesmo violenta, a tensão acumula-se lentamente entre um trio que é completado por "Luísa" (Inês Curado), o outro peso de uma balança sentimental que tem "Marco" como o seu centro.
Se o espectador suspeita daquela inesperada e invulgar casa de espectáculos onde os artistas parecem presos a um vínculo não identificado, o seu misterioso ambiente exterior que não deixa ninguém tranquilo. Durante o dia silencia os segredos sentimentais que todos pretendem esconder enquanto que pela noite oculta os crimes cometidos como que de um alibi se tratasse. É um facto quase evidente que o espectador percebe que aqui não existem inocentes mas, no entanto, fica a dúvida sobre até onde se estende a manta dos pecados de cada um...
Jorge Paupério tem aquela que é a interpretação central de toda esta trama assumindo a sua personagem como um homem no limite. Um homem rejeita, despeitado e não reconhecido na sua arte que um dia ultrapassa os seus próprios limites tornando-se num mordaz e impiedoso predador que sente nada ser... se não fôr seu. Disposto a tudo pois nada tem a perder quando já não é seu, o seu "Jorge" é um homem marcado pela rejeição sentimental, profissional e até mesmo etária, uma vez que os anos passam não perdoando o homem que agora é... e a lembrança daquilo que em tempos foi. Seria inclusive interessante (re)descobrir as origens deste homem... o seu passado mais feliz e as transformações que o levaram a chegar a este ponto da sua vida... acabado, desgastado e prestes a ser esquecido. Porque um amor não correspondido e até mesmo despeitado levam o Homem ao limite... e às fronteiras de uma mente perdida num espaço desconhecido.
Com uma caracterização exímia de Susana Pinto que transforma o elemento mais alegre de um circo num desagradável e incomodativo vilão que todos podem temer e uma direcção de fotografia de Miguel Ângelo que deixa o espectador - por momentos - num limbo claustrofóbico do qual não se sabe quem irá sair vitorioso e que fazem de Palhaços um interessante e bem construído filme curto que se assume como um eventual mais forte candidato ao Sophia Estudante a atribuir em Maio próximo numa cerimónia a realizar no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
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