terça-feira, 15 de maio de 2018

Ñimbo (2017)

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Ñimbo de Ricardo Zavala (Espanha) é uma curta-metragem com um argumento escrito pelo realizador em parceria com Diana Estévez que conta a história de Matías (Sergio Viniccio) um homem que compreende tarde que a Humanidade se prende à relação com as coisas materiais fazendo delas o seu próprio mundo.
Num mundo onde mais nada para lá de uma praia deserta parece existir, "Matías" parece apenas manter conforto na relação que estabelece com um pequeno urso de peluche de nome "Ñimbo". Depois de um longo sono, "Matías" desperta para perceber que o seu objecto de conforto desaparecera da sua vista e compreender que a integridade de todo o seu mundo fora abalada.
Intencionalmente preocupada com uma analogia onde Homem e Mundo vivem num certo espaço temporal distante - pouca é a relação entre ambos para lá daquela de sobrevivência e subsistência a que o Homem está sujeito -, esta curta-metragem parece perder-se na sua dinâmica narrativa quando, ao mesmo tempo, tenta passar a mensagem de dependência do Homem em relação aos seus bens materiais que considera mais importantes do que todo o demais espaço que não sequer perde para contemplar.
Quando num espaço onde apenas reage para a sua sobrevivência e sustento se preocupa com um objecto que, na prática, o espectador nunca conhece a sua real importância para lá de uma potencial relação com o seu passado mais infantilizado - que não percebemos se já o perdera de facto -, o espectador questiona-se se a intenção do realizador é realmente a relação do Homem com o meio, do Homem com o seu passado ou ainda do Homem com o mundo material onde a riqueza e a posse determinam a importância social de cada um.
Algo dispersa na sua intenção e sujeita a uma múltipla interpretação do seu argumento - nem sempre pelos melhores motivos - Ñimbo revela ainda as suas fragilidades técnica nomeadamente na captação de som e na dinamização de um espaço natural sub-aproveitado que apenas parece servir de adorno para a fluência da história e não uma sua parte integrante. Compreensível, de uma forma geral, no que diz respeito às suas intenções é, no entanto, a execução e prática das mesmas que se faz perder na sua narração demonstrando um argumento algo fragilizado e pouco coerente que se deixa fluir pela força da necessidade de encontrar um final para esta história.
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5 / 10
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