Didáskale de Juan Manuel Clausell (Espanha) é uma curta-metragem que dá corpo a uma viagem entre o passado e o presente num choque de mentalidades e referências das épocas temporais que atravessa.
Com um momento inicial em que dois filósofos da Antiguidade clássica reflectem sobre o tempo e sobre o contributo do seu pensamento para a sociedade, Didáskale reflecte sobre a viagem de um desses filósofos através de tempos que são, para si, desconhecidos, descobrindo-os enquanto eles marcam aqueles que neles "vivem". Assim, levantam-se as questões existenciais... o que é o amor? O que é a religião? Por que objectivos vivem os Homens? Existe (existirá?) moral com o passagem do tempo?
Ainda que repleto de um conjunto de questões morais e filosóficas sobre a essência da Humanidade, esta curta-metragem priva-se de uma sólida construção deixando-se levar pelas questões relevantes colocadas de uma forma moral e quase condenatória daqueles que o tempo - dele (filósofo) e nosso (na actualidade) - parece agora fazer viver. A falta de isenção deste trabalho - a mensagem ainda que actual e pertinente falha no imediato julgamento do tempo social e dos seus intervenientes - provoca o imediato repúdio do espectador na medida em que todas as observações sociais e temporais que aqui se pretendem retratar revelam não só algum amadorismo na sua concepção como, sobretudo, uma falta de imparcialidade na execução de uma observação não participante. De forma mais resumida, se o conteúdo central desta história parece até ser pertinente na forma como poderia revelar o que seria - aos olhos de alguém da Antiguidade - uma falta de valores morais observada com curiosidade empírica, Didáskale revela sim a própria condenação do realizador sobre aquilo que este acha como incorrecto num mundo onde os valores estão perdidos e a Humanidade vive pela força de bens materiais que corrompem e retiram a essência ao Homem de uma forma geral. Ainda que possa ser verdade... como sabê-lo na mente de quem nunca experimentou aquilo a que hoje "todos" temos acesso?
Didáskale é ainda uma curta-metragem extremamente frágil no que diz respeito a elementos técnicos começando logo pela sua captação de som que mais parece experimental e elaborada a título de ensaio do que propriamente a execução final de um filme que se perdeu no exacto momento em que teve a sua origem transformando-e em algo banal, pouco prudente na análise que, não existe, e por momentos snob na aparente isenção de julgamentos que se acumulam a cada segundo.
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