segunda-feira, 11 de junho de 2018

Vinterbrødre (2017)

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Vinterbrødre de Hlynur Palmason (Dinamarca/Islândia) é uma das longas-metragens presentes na Competição Oficial pelo Lince de Ouro do FEST - New Directors New Films Festival a decorrer em Espinho entre os próximos dias 18 e 25 de Junho.
Dois irmãos num mesmo ambiente de trabalho. Emil (Elliott Crosset Hove) e Johan (Simon Sears) fundem-se num conjunto de hábitos e rotinas que diariamente interpretam enquanto que, no seu seio, se fomenta não só uma violenta divisão quando disputam o amor da mesma mulher mas também entre eles e outra família após Emil ser responsabilizado e ostracizado pela morte de um dos seus.
O realizador e argumentista Hlynur Palmason recria neste conto de pouco mais de oitenta minutos a eterna história de disputa de irmãos e, ao mesmo tempo, a luta entre feudos opostos que pretendem estabelecer um qualquer domínio nas suas paragens afinal, não há tempo para medições fálicas que, curiosamente, são também aqui ligeiramente adaptadas à sua dinâmica. Tal como todas as tradicionais histórias nórdicas, também Vinterbrødre é um conto centrado num meio hostil inicialmente pelo próprio espaço gélido e enterrado num rigoroso Inverno como também pela própria dinâmica entre as diversas personagens que lentamente se revela tão gélida quanto a temperatura que se faz sentir "lá fora".
Tendo como pano de fundo uma atmosfera mineira e altamente masculinizada remetida para um espaço que aparenta distanciar-se da civilização tal como a conhecemos, os comportamentos entre as diversas personagens rapidamente se assumem de controlo, francamente físicas e com a presente tentativa de delimitação de território tal como presenciamos em breves mas distintos momentos onde o território é, literalmente, "marcado". Se a este conjunto de elementos juntar-se o facto de apenas termos uma única personagem feminina que é disputada dentro das mesmas quatro paredes, então aquilo que cedo podemos compreender desta história é que a ruptura entre os seus diversos intervenientes está prestes a acontecer e de forma relativamente violenta especialmente quando entende o espectador que tanto hormonas como testosterona colidem com os interesses individuais de cada um destes homens.
A união estabelecida entre este conjunto de homens, sendo ou não membros do mesmo grupo familiar, acaba por se transformar numa relação fraterna na medida em que convivem durante este longo período de tempo num mesmo espaço. Nenhum deles sai daquela comunidade para regressar à sua família - se é que a têm -, e todos confraternizam nos mesmos locais, entre si, conhecendo-se minuciosamente ao ponto de se amarem e odiarem em igual medida. Entre todos, é "Emil" que se destaca como o elemento marginal de todo este grupo não só porque parece ser aquele que desespera por uma vida diferente - concretize-se ela de que forma seja -, que (des)espera por alguém que o ame vendo essa possibilidade ser-lhe retirada quando o seu irmão se manifesta interessado na mesma mulher que ele e, finalmente, quando se incompatibiliza no local de trabalho com patrão e colegas que rapidamente o colocam como o elemento indesejado naquele espaço e, futuramente, também ao próprio irmão.
É então esta vontade de ser (ou ter) algo mais manifestada por "Emil" que o lança na sua própria espiral de decadência - principalmente psicológica -, tornando-se mais violento no seu habitat para com todos aqueles com quem convive e principalmente com o seu "eu" ao revelar-se incapaz de se manter tranquilo num espaço e incompatibilizando-se com tudo ao seu redor evidenciando, ao mesmo tempo, todo um comportamento para-militarizado como a única forma de se impôr e afirmar num ambiente que lhe é cada vez mais adverso. No entanto, é a execução dramática de Vinterbrødre que poderá afastar o espectador da sua história, centrando-se mais na capacidade de tentar relacionar-se com as suas personagens (nem sempre fácil) e observando com mais detalhe o ambiente em que se encontram perdendo-se, dessa forma, daquilo que acontece com as mesmas.
Assim, estes "irmãos de Inverno" - tradução literal do título desta longa-metragem numa clara alusão a esta irmandade temporária que ali se forma -, centra-se portanto na dinâmica de um elemento com o seu grupo primário e com a comunidade em que se encontra "inserido" (nunca totalmente), esquecendo - o argumento - a profundidade desta personagem lançando-a numa nem sempre justa avaliação por parte do espectador que observa as suas acções individuais e em grupo distanciando-se da sua aparente perda de noção e de consciência que rapidamente considera como fruto de alguém prepotente, individualista e até mimado não querendo preocupar-se com aquilo que (talvez) está inerente nas mesmas, ou seja, um crescente desespero por ser alguém dentro desse grupo e não apenas um dos seus membros que, sem essa loucura, seria anónimo para o mesmo e principalmente em relação àquele com quem mantém o maior conflito pessoal... o seu irmão.
Interessante se o espectador se preocupar em aprofundar mais para além daquilo que é oferecido - afinal, é nos pequenos e subtis detalhes que se encontra toda uma história por explorar - e pela sua belíssima direcção de fotografia da autoria de Maria von Hausswolff que capta toda uma luminosidade própria de um Inverno solitário mas, pelo já mencionado, Vinterbrødre é uma daquelas longas-metragens difíceis de criar uma certa empatia logo de início e que poderá distanciar o espectador menos paciente.
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6 / 10
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