Pretty Boy de Cameron Thrower (EUA) é uma curta-metragem de ficção que revela a história de Sean (Nick Eversman), um jovem adolescente cujo pai conservador o leva para um motel para ter a sua primeira relação sexual com Katie (Rebekah Tripp), uma prostituta. Por detrás desta acção está a vontade de John (Jon Briddell) em curar a sua homossexualidade.
Cameron Thrower cria aqui uma história - também assina o argumento - que não só se foca no relato na primeira pessoa de uma personagem que não só é vítima de bullying como ainda da rejeição familiar (na pessoa do seu pai) sentindo-se, dessa forma, isolado em todo o seu sofrimento e falta de aceitação naquele que deveria ser o seu núcleo principal e primário. No entanto, nem tudo é tão terminal como aparenta...
Depois de um breve e desastroso encontro, "Sean" recolhe a empatia de "Katie" (belíssimo desempenho de Rebekah Tripp), a prostituta que o deveria "converter" a uma vida socialmente e familiarmente mais aceite do que aquele define, no fundo, a sua própria personalidade sexual. As breves horas - aqui minutos - que o espectador partilha com a dupla são reconfortantes e, em certa medida, mágicas. E é nas mesmas que se conseguem encontrar duas vidas perdidas num mundo que não está preparado - e aparenta não querer - aceitá-los pelas suas diferenças, estilos de vida, escolhas ou comportamentos remetendo-os a uma ostracização que os força (contrariamente ou não) a encontrar o seu "par" no local mais improvável do mundo encontrando, um no outro, o primeiro acto de amor e afecto que não conseguiam encontrar em anos... Para "Sean" esse amor fora apenas encontrado na dedicação e compreensão da sua mãe já falecida e para "Katie" encontrado num filho que já não está à sua guarda.
Numa reflexão sobre duas pessoas que se encontram no mais improvável dos locais, fruto de um acaso e do preconceito, Pretty Boy consegue entregar uma interessante alma às suas personagens, humanizando-as através dos seus dramas, vulnerabilizando-as pela sua dor e mágoa mas garantindo-lhes aquilo que se espera dessa mesma humanidade intrínseca a cada um de nós revelando a capacidade de perceber que as diferenças - voluntárias ou não - transformam-nos em algo de único e que compõe apenas mais um pouco do universo multicolor em que todos nos encontramos, sem esquecer a eternamente desejada esperança de que o dia de "amanhã" possa ser um pouco melhor do que todos os demais que já passaram e que foram vividos.
Simples, eficaz e dotada de uma enorme sensibilidade, esta curta-metragem de Cameron Thrower consegue ainda revelar duas intensas e sentidas interpretações do par protagonista que se assume como uma força em sintonia, capaz de levar o espectador a ignorar tudo o demais que está ao seu redor... dos adereços às demais interpretações - ainda que relevantes para a dinâmica da história ao recriar o espaço em que se encontram -, tudo o que encontramos leva-nos a encontrar refúgio em "Sean" e "Katie"... a empatizar com as suas mágoas mas, ao mesmo tempo, em esperar (e talvez saber) que o futuro lhes poderá reservar algo de bom.
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7 / 10
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Ótima resenha! Parabéns. Me senti exatamente assim assistindo esse curta. Incrívelmente lindo, sensível e tocante.
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