Arch de Preston Yarger (EUA) é uma curta-metragem cujo argumento da autoria do próprio realizador, centra a sua dinâmica num futuro pós-apocalíptico onde a sobrevivência da Humanidade está comprometida por todos os comportamentos desviantes que resultaram das suas gerações sem valores. Uma história onde a jovem Lilly (Lainee Rhodes) trava uma improvável amizade com M1K3 (Anton Weidner), um guerreiro do deserto com o rosto tapado nascido das areias do escaldante deserto nuclear que tenta atravessar. No entanto, pelo caminho têm de passar pela perdição de uma nova Babilónia...
Num estilo - e sentido moral - muito próximo daquele iniciado por George Miller em 1979 com o clássico Mad Max, Arch é um conto futurista onde o futuro, tal como o poderíamos imaginar hoje, não existe. Desconhecendo se o resultado de uma qualquer guerra nuclear - ainda que todos os indícios estejam lá - ou o fruto de uma total e completa degeneração do planeta e da sua junção com os efeitos de uma radioactividade solar, a única certeza que é imediatamente passada ao espectador é que o mundo (de uma forma geral) morreu... e os poucos abrigos ou "paraísos" na Terra... são escassos, de difícil acesso ou até mesmo improváveis. No entanto, é também nesta dinâmica que reside aquele que é provavelmente a maior fragilidade de Arch.
O interessante e distinto ambiente pós-apocalipse é sempre um atractivo para todos os apreciadores do género que seguem atentamente qualquer obra cinematográfica deste estilo. Dito isto, será expectável que o mesmo cinéfilo já conheça um número significativo de obras para, por um lado reconhecer onde se encontra a qualidade - do argumento, das interpretações ou dos infindáveis elementos técnicos - quer por outro, perceber todos os "piscar de olhos" que o(s) realizador(es) fazem às obras onde foram beber inspiração. Se Arch é um filme interessante na sua dinâmica e extremamente bem executado no que diz respeito à construção de um protagonista/anti-herói que no silêncio dos seus actos vinga os "puros" por entre a Humanidade, o espectador mais atento não esquece todas as referências que esta simpática curta-metragem faz a obras como a já quadrilogia Mad Max onde o pós-"fim", a inocência das crianças, as eternas comunidades de bandidos, o guarda-roupa, a caracterização, o deserto e até mesmo o justiceiro "sem rosto" (ou sem nome) vingam a Humanidade salvando aqueles que poderão construir um futuro melhor. Na prática... tudo já explorado na obra protagonizada por Mel Gibson e, mais recentemente, por Tom Hardy, não deixando Preston Yarger grande espaço para elementos inovadores na sua obra mas, ao mesmo tempo, estando consciente da qualidade das especificidades técnicas que apresenta no seu trabalho final nomeadamente no que diz respeito à direcção de fotografia de Austin Jacobsen que cria uma inesperada e autêntica atmosfera desse "fim" com toda a luminosidade quente de um deserto que esconde o pouco que sobra desse mundo que agora poucos ou nenhuns (re)conhecem.
Com um bom ritmo e interessante enquanto obra do género Arch é, mesmo sem grandes elementos inovadores para lá do misticismo criado em torno de "M1K3", uma bem sucedida curta-metragem do género e um bem pensado ponto de partida para aquilo que poderá (também no futuro) ser o início de uma longa-metragem mais completa e onde tudo - principalmente as personagens - possam adquirir uma maior profundidade.
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6 / 10
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