quinta-feira, 7 de junho de 2018

Code 8 (2016)

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Code 8 de Jeff Chan (EUA/Canadá) é uma curta-metragem que entrega ao espectador uma história futurista onde, na sociedade, 4% da população tem com poderes especiais que os destacam dos demais. No entanto, num mundo cada vez mais habituado a temer a diferença Conner (Robbie Amell) prepara-se para se transformar num marginal de um mundo que não o deseja.
Surpreendente pela sua temática coesa e coerente num universo em que os filmes do género em questão facilmente caem em ciclos viciosos de lugares comuns, Code 8 não só recupera o género X-Men pelas mãos de um novo e original criador dando-lhe, no entanto, toda uma dinâmica futurista que se insere no espaço temporal tal como o conhecemos. No fundo, ao abraçar esta curta-metragem o espectador compreende que o mundo se encontra num futuro próximo onde a convivência com humanos com capacidade sobrenaturais é uma realidade mas, ainda assim, o espaço físico que observa não é desolado, distante ou alterado da percepção que dele temos mantendo, dessa forma, uma certa familiaridade com o ambiente em que a acção decorre.
Chris Pare e o realizador dão assim corpo a um argumento que insere o espectador num tempo futuro mas, ao mesmo tempo, a referida familiaridade leva-o a compreender que os tempos não são assim tão diferente (ou mais evoluídos) do que aquilo que temos neste também estranho presente. Do aproveitamento laboral de uma mão-de-obra especializada mas repudiada a uma xenofobia que aqui ganha corpo não pela diferença de nacionalidade mas sim pelo receio (pelo que percebemos) infundado em relação ao outro tido como "diferente" sem esquecer a sociedade altamente controlada e parcialmente militarizada, tudo em Code 8 faz-nos compreender que afinal, esse futuro, não é assim tão diferente ou mais iluminado que este presente, em certa medida, incerto...
Robbie Amell surge assim como o protagonista desta história - "Conner Reed" - e aquele que o espectador compreende que a personagem que interpreta é o inesperado herói de algo porvir. "Conner" revela ter uma vida igual à de tantos outros ao cuidar de um irmão mais jovem e de uma mãe - que brevemente vemos -, tentando manter a estabilidade de uma lar num tempo onde tudo está difícil de alcançar (sobretudo essa estabilidade). Recorrendo a trabalhos precários onde não só é mal pago como vítima das trapaças de quem sente ter poder sobre ele, "Conner" prepara-se para uma alteração radical na sua vida que o irá levar a outros paragens e destinos - que chegue depressa essa longa-metragem em preparação! - e onde (espera o espectador), todas estas questões pendentes sejam finalmente respondidas.
Assim, estes breves - brevíssimos - dez minutos conseguem não só captar a atenção do espectador para com a sua história rica e elaborada, como também despertar o seu interesse no passado e nos destinos deste conjunto de ricas personagens que vivem numa sociedade onde todos são formatados para não entender a diferença e as capacidades "extra" de cada um mas sim a tudo temer e recear como potenciais perigos que se levantam e ganham forma numa sociedade que claramente exclui, marginalizada e finalmente criminaliza pelo simples facto de existir uma diferença que, tantas vezes, nem visível o é, confirmando ainda o realizador e argumentista Jeff Chan como um dos novos valores e talentos desta nova década com tantas histórias ainda pro contar.
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7 / 10
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