Anjos no Inferno de Ryan Little decorre no período que sucedeu ao massacre de Malmedy onde soldados alemães executaram um grupo de soldados norte-americanos tendo apenas escapado quatro com vida.
Esta história baseada em factos verídicos dá-nos a conhecer os dias seguintes onde, estes quatro soldados norte-americanos e um britânico que entretanto se lhes juntou, tentam regressar para junto dos soldados Aliados e assim escapar à morte quer às "mãos" do rigoroso Inverno quer às mãos dos soldados alemães que se encontravam por todo o lado.
Este interessante filme dá-nos a conhecer a história para lá do massacre. Dá-nos a conhecer uma história de sobrevivência e de cumplicidade entre um grupo de homens que apesar de unidos nos ideais contra os quais combatem estão, de certa forma, separados em muitos aspectos mas que encontram um consenso para poderem lutar pela sua própria salvação.
Não será uma super-produção hollywoodesca... Aliás, bem pelo contrário, para o género de filme que representa e do qual estamos habituados a assistir a produções megalómanas repletas de surpreendentes efeitos especiais, aqui pensa-se mais no desempenho dos actores que recriam esta história verídica, longe de grandes campos de batalhas físicas mas bem de perto de uma luta pela sua sobrevivência que só conseguirão alcançar se a travarem juntos.
Este género de filmes que têm como suporte distribuidoras que quando vemos as suas páginas cibernéticas mais não dão do que vontade de fugir, normalmente não me seduzem ou sequer impressionam. No entanto, há que assumir que surpreendentemente gostei desta história. Não só pelo facto de ser baseada em factos verídicos, o que ajuda sempre para cativar a minha atenção, mas também pelo facto de se desenrolar naquele que considero ser um dos períodos mais negros da História mundial e que, quer uns queiram quer não, continua (e suspeito que continuará sempre) a suscitar o interesse de qualquer cinéfilo que se preze.
Não temos campos de concentração nem tão pouco a morte de alguém pela sua total desumanização. Aqui, pelo contrário, temos a afirmação do Homem enquanto tal. O Homem enquanto ser pensante e que consegue distinguir entre aquilo que deveria ser fundamental... A própria "humanidade" que existirá, ou não, dentro de cada um.
Interpretações competentes mas com alguma previsibilidade, destaco a participação de Alexander Polinsky como o descrente médico que sobrevive ao massacre e que, no final, acaba por dar razão à ideia de que a humanidade pode realmente existir naqueles de quem menos se a espera, este filme tem igualmente um interessante trabalho de fotografia também da autoria de Ryan Little que muito bem consegue captar não só o ambiente gélido do Inverno como também o do próprio tempo que se vivia.
Não sendo uma pérola deste género cinematográfico, e ficando muito longe de um Resgate do Soldado Ryan, este filme não deixa, no entanto, de ser uma interessante obra sobre um importante período que muitos certamente não conhecem.
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7 / 10
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