A Rapariga do Capuz Vermelho de Catherine Hardwicke, realizadora da saga Twilight, faz renascer a centenária história do Capuchinho Vermelho numa abordagem que assumo ter achado interessante (vai cair o Carmo e a Trindade com esta observação).
Quase é escusado falar sobre a história pois duvido que exista alguém que não a conheça, no entanto e para que ninguém leia isto sem saber do que se fala, aqui seguimos a história de Valerie (Amanda Seyfried) que vive numa aldeia quase medieval e que vive atormentada por um enorme e estranho lobo que reclama as suas vítimas, que quase sempre são pequenos animais domésticos, para saciar uma quase voraz fome. Valerie é uma adolescente prometida em casamento a um jovem rapaz mas apaixonada por Peter (Shiloh Fernandez) seu amigo de infância e lenhador, e que também nutre por ela uma paixão, na mesma altura em que o misterioso lobo volta a atacar a já amedontrada aldeia.
O argumento de David Johnson faz renascer esta história mas aqui com vários novos aspectos que lhe dão um ar bem mais moderno. Em primeiro lugar temos uma Capuchinho Vermelho que em plena idade adolescente vive com furor o calor das suas hormonas. Quero com isto dizer que temos alguns momentos em que a jovem Valerie mostra ser uma jovem com desejos carnais pelo seu apaixonado, algo nunca antes visto nesta história que a tomava como uma jovem pura e inocente.
Outro dos aspectos novos que esta adaptação da história nos dá é o facto do lobo... não ser um lobo qualquer mas sim um lobisomem dando assim um sentimento de desconfiança entre as várias personagens da história pois o "mal" estaria a viver entre eles há diversos anos.
E finalmente, ainda relativamente a esta história temos a originalidade do conhecido lenhador do conto ser, como já referi, o próprio apaixonado pela Capuchinho, ou como aqui se chama, Valerie, e não um qualquer homem que se encontrava pela floresta.
É assumidamente uma adptação moderna do conto que, ainda assim, não perde os elementos fundamentais da história que ficou imortalizada mas, pelo contrário, soube inovar para atrair um vasto público para uma história infantil que aqui... de infantil tem muito pouco.
A história está repleta de desconfianças e medos... de lascívia e de desejo... de traição e de loucura que a tornam em diversas situações um tanto claustrofóbica. Basta para isso pensarmos no facto de tudo acontecer numa pequena aldeia isolada no meio das montanhas de onde ninguém conseguirá, à partida, escapar. E quando pensamos que no meio de tudo não há ninguém em quem se possa abertamente confiar... estão a ver a ideia!
Confesso claramente que estava muito desconfiado a respeito deste filme. E porquê? Bom, isso é simples... Basta ver quem o realizava e o trabalho que fez com a mais recente saga de filmes sobre vampiros e lobisomens que as minhas esperanças para este filme ficavam muito longe daquilo que poderia considerar um filme bom (para o género claro está). Mas o que é certo é que gostei daquilo que aqui vi. A história que todos conhecemos ganha uns quantos aspectos modernos e mais apelativos para a juventude que deve ter invadido as salas de cinema com esta história mas não o tornou com isso um filme... "bimbo". Este A Rapariga do Capuz Vermelho consegue ser um filme interessante com algum suspense e uma Capuchinho que mostra ser uma jovem e decidida mulher capaz de enfrentar o perigo sem medos. Bom... com alguns poucos...
É claramente um filme para jovens e disso não há qualquer escapatória possível mas, no entanto, abre também as portas a um maior público não só por alguma seriedade que é dada à história como também pelo conjunto de actores mais respeitados que junta no ecrã, nomeadamente Julie Christie que interpreta a Avó, Virginia Madsen no papel de Mãe e Gary Oldman como Solomon, um fanático padre que vê bruxaria e o diabo atrás de cada porta e que pretende capturar e assassinar o mal-fadado Lobo Mau.
E os aspectos positivos continuam... Excelente o trabalho de guarda-roupa da autoria de Cindy Evans que dá ao capuz vermelho da jovem características e "vida" de uma verdadeira personagem. E também de fazer uma referência ao extraordinário trabalho de fotografia da autoria de Mandy Walker que torna o ambiente desta pequena aldeia muito pesado e sombrio pela junção de cores bem carregadas que são notórias em quase todo o filme.
Não será um filme que iremos recordar ao longo dos tempos mas para aquilo que se quer está um filme bastante competente e interessante e que com toda a certeza descolará a sua realizadora da saga lobo-vampírica que a tornou conhecida. Vale a pena ver pois é um filme que não só é competente nos aspectos inovadores que trouxe para o ecrã como também está uma história que certamente consegue agradar a todo o tipo de audiências.
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7 / 10
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