Eu, Martim de Luciano Sazoé uma divertida curta-metragem deste jovem realizador chileno radicado em Portugal que nos conta a história de Martim.
Martim (Raimundo Cosme) é um jovem de vinte e poucos anos que facilmente todos poderiam considerar o "cromo" de serviço. Sem sorte no campo afectivo e nunca tendo uma relação duradoura, Martim vive com os pais naquele que é um ambiente também ele fora do normal onde a mãe tem misteriosas manias e o pai é quase um ditador que impõe uma disciplina austera, e onde o irmão mais velho muito se preocupa com a imagem e muito pouco com o formar uma vida própria.
Tendo ainda uma íntima réstia de esperança Martim resolve seguir o conselho dado em muito tenra idade pela sua já falecida avó e esperar pelo verdadeiro amor com o qual poderá ser verdadeiramente feliz. Irá Martim encontrar o sua cara-metade ou estará apenas à espera de um amor impossível que nunca chegará?
O Amor. Aquele tão nobre sentimento que pode dar as mais maravilhosas, e ao mesmo tempo desastradas, histórias românticas e que tanto pode atingir as personagens mais comuns como aquelas mais caricatas, como de resto aqui acontece.
Se na prática existir mesmo "uma tampa para cada tacho", até as mais pitorescas personagens têm a sua outra metade restando portanto esperar que um dia, num qualquer lugar, essa metade apareça e ambas se cruzem. Aqui, é o que acontece... Primeiro não fisicamente mas sim através de um sonho quase promonitório que antecipa o mais aguardado momento de "Martim", que aliás acrescento ser maravilhosamente composto por Raimundo Cosme, que faz deste jovem rapaz um verdadeiro inadaptado que procura quase desesperadamente pelo seu lugar ao sol, mesmo que para isso tenha primeiro de encontrar alguns "barbudos" (é ver... para perceber).
Com ele dão também vida a esta curta-metragem um conunto de singulares e bem dispostas almas que a transformam num filme com uma alma interessante e característica, como por exemplo "Joaquim", o melhor amigo da personagem principal, interpretado por Luís Oliveira e que comprova que não há ninguém melhor num filme do que aquela personagem que poderia ser à partida esquecida, mas que na prática se assume facilmente como aquela com que todos nós vamos acabar por simpatizar e desejar que a sua presença seja quase uma constante, graças ao seu humor, piadas bem alinhadas com a dinâmica do argumento, também ele da autoria de Luciano Sazo, e uma presença amigável e simpática que conquista qualquer espectador logo desde aquela famosa fotografia de família onde tão bem se enquadra.
Normalmente suspeito sempre de filmes que falam sobre o amor, no entanto, foi com uma agradável surpresa que vi esta curta-metragem que muito rapidamente conseguiu fazer-me sorrir não só pela sua história singular e divertida como também por um conjunto de personagens que poderiam, por elas próprias, entregar tantas outras histórias que julgo qualquer um de nós gostaria de ver desenvolvidas.
Ao realizador Luciano Sazo só posso dar os meus parabéns por conseguir transformar um tema sempre tão complexo (e por vezes não bem sucedido), numa simpática e divertida história que nos faz (sor)rir, centrada na cidade de Lisboa que tem tanto potencial para se transformar numa cidade "do amor", e que é tão pouco associada ao mesmo.
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7 / 10
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