quarta-feira, 3 de abril de 2013

Tejo (2011)

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Tejo de Henrique Pina é uma curta-metragem portuguesa que me atraiu de imediato pelo conjunto de actores que a compõem, nomeadamente Filipe Duarte, Rosa do Canto e Ana Bustorff.
Num estranho prédio, João (Miguel Seabra) observa os novos vizinhos sob o som dos lamentos da sua mulher (Ana Bustorff) e deixa-se enfeitiçar pelos escantos de uma nova vizinha (Adriana Moniz). Um dia o marido desta aparece morto e um inspector (Filipe Duarte) tão cínico como cáustico investiga o homicídio chegando rapidamente à conclusão de quem o cometeu e os reais motivos de toda uma perturbação que está, de facto, por detrás dos mais variados acontecimentos macabros naquela que é um bem pensado e engenhoso argumento.
Como já referi, esta curta-metragem teve logo um efeito aliciante quando o seu elenco foi revelado onde participam um magnífico Filipe Duarte, uma recuperado para as produções cinematográficas Ana Bustorff que consegue compôr as mais elaboradas e esquizofrénicas personagens com as quais é impossível não simpatizar, e uma Rosa do Canto que tanto admiro por interpretar normalmente a simpática vizinha do lado que todos esperamos ter mas que aqui compõe uma interessante (e infelizmente pequena em duração) personagem como a prostitua do bairro.
O argumento de Francisco Baptista consegue não só captar a essência de um interessante filme policial bem como, na sua melhor tradição, as sinistras, complexas e distintas personagens que, na prática, nos fazem duvidar de todos a qualquer momento mesmo que tendo uma interpretação secundária. É aqui caso para dizer, todos são suspeitos, sem esquecer a enigmática presença das mesmas típica de um verdadeiro film noir que sai reforçada pela fotografia a preto & branco de Paulo Segadaes e a música original de André Mendes, dando-lhe assim um ambiente e atmosfera muito particulares.
Este filme peca apenas por dois aspectos, estando um directamente relacionado ao outro, ou seja, o escasso desenvolvimento de algumas personagens que são apelativas o suficiente para desejarmos ter sempre um pouco mais, como resultado da curta duração do mesmo. No entanto, se esquecermos este detalhe, temos um interessante e bem construído filme de género que nos faz esperar por mais, num claro elogio aos grupo de profissionais que nele trabalharam.
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"Inspector: As pessoas aborrecidas são as mais perigosas. Estão tão aborrecidas que um dia fazem qualquer coisa."
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7 / 10
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