O Rapaz que Ouvia Pássaros de Inês Rueff e João Seguro é uma das curtas-metragens em competição na quarta edição do FESTin - Festival de Cinema Itinerante de Língua Portuguesa.
Rui (Daniel Viana) é um jovem escritor vítima de uma repentina surdez que se começou a sentir após um acidente de caça. Isolado, solitário e crente que um dia a sua audição irá regressar, Rui apercebe-se que nos arbustos junto à sua casa algo sucedeu, e quando resolve investigar encontra Daniel (Henrique Bugalho), um jovem rapaz que diz conseguir escutar sons que são impossíveis de escutar pelas mais variadas pessoas e conta-lhe que existe uma fonte capaz de curar a sua surdez. Incrédulo Rui apenas acredita na sua história quando ambos encontram um pássaro cujo piar não consegue ser escutado pelo ser humano.
Será tudo isto realidade, ou estará Rui apenas a viver uma experiência que nem ele próprio consegue perceber e que só a conclusão do seu novo livro irá, finalmente, desvendar?
Esta interessante e competente curta-metragem que se consagrou como a grande vencedora da primeira edição do Festival de Curtas-Metragens de Carnide arrebatando diversos prémios entre os quais o de Melhor Curta e Melhor Actor para Daniel Viana, tem um simpático e bem elaborado argumento da autoria dos dois realizadores em parceria com Gonçalo Dias, em que faz uma interessante abordagem a um não menos interessante tema que se centra nas incapacidades físicas de um indivíduo que, ainda assim, não lhe toldam as intelectuais possibilitando-o de alcançar os seus objectivos ou redireccionar a sua vida para uma outra área.
A sentida interpretação de Daniel Viana é assim não só interessante tendo em conta este anterior ponto de vista como também bem conseguida e emotiva quando esta sua composição de "Rui", um homem que se vê a braços com uma súbita incapacidade motora que o deixa a braços com um enorme desgosto e pouca vontade de viver mas que, ainda assim, encontra forças para continuar para o amanhã, constituindo assim um dos elementos mais fortes desta curta, a par do seu já bem elaborado argumento ao qual, na prática e fábula à parte, se centra totalmente na sua interpretação enquanto um homem que pretende dar um rumo à sua vida e não ficar preso a um desgosto que invariavelmente o marcou.
Ainda com um bem executado trabalho de fotografia da autoria de Bruno Lopes que nos mantém em suspenso, e na dúvida, durante uma boa parte da sua duração sobre o quão real ou não será a sua acção tendo, no entanto, alguns ligeiros defeitos a nível do som no diálogo entre os dois actores principais que não retiram felizmente o interesse ao desenrolar da dinâmica entre ambos.
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7 / 10
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