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Filme para Poeta Cego de Gustavo Vinagre é uma curta-metragem documental brasileira presente na secção competitiva da quarta edição do FESTin a decorrer no Cinema São Jorge em Lisboa que nos apresenta o poeta cego sado-masoquista Glauco Mattoso, que partilha um pouco da sua vida e das suas experiências impondo, no entanto, algumas duras condições que dificultam o trabalho do realizador.
Se inicialmente este documentário começa com uma reflexão sobre a vida do poeta e algumas suas considerações sobre um passado enquanto criança e jovem onde foi alvo de bullying por parte das outras crianças, facto que o haveria de afectar profundamente, não deixa de ser verdade que muito rapidamente todo este contexto é facilmente desvirtualizado para seu belo prazer e satisfação sado-masoquista.
Glauco Mattoso inicia o seu relato de infância onde as outras crianças gozavam com a sua condição e aparência, e onde sofreu um certo isolamento dos demais, não esquecendo os traumas que à altura lhe provocaram. No entanto, também ficamos a conhecer que com o passar dos anos e o avançar da sua idade, Glauco tornou-se num adepto das mais variadas situações extremas de bondage e sado-masoquismo que satisfazia através de um vasto número de encontros com homens que nunca conhecera na prática mas que usava, e eram por si usados, para os seus fetiches sado-masoquistas.
As condições impostas para a sua participação, e que dificultaram a produção do documentário até certo ponto (tal como nos é dado a conhecer), prende-se com o facto de Glauco exigir que a sua participação seja "paga" com a satisfação de algumas dessas práticas pela parte do realizador que, se de início se mostra reticente às mesmas, rapidamente nelas embarca dando-as (algumas) a conhecer sendo outras sugeridas não tendo o espectador delas conhecimento.
De um documentário inicialmente bem disposto e interessante, este trabalho passa rapidamente para um contexto mais pesado e grotesco que consegue criar repulsa aos seus espectadores, tendo sido o único trabalho onde não se sentiu qualquer tipo de recepção pelo público quer pelo seu conteúdo gratuito quer também pela imagem avançada pelo "poeta" quer da sua homossexualidade quer da sua cegueira que utiliza claramente como um veículo pela sua inadaptação social quer também como forma de se vitimizar e, mais tarde, justificar o porquê de agora também ele sujeitar os demais às suas práticas.
Sendo esta curta-metragem um veículo documental que explora as realidades de um determinado contexto e fim (pelo menos é assim que se apresenta), não deixo de reafirmar que mais parece uma forma do realizador explorar certos fetiches reprimidos justificando-os assim como um trabalho "cinematográfico" que, no entanto, não é mais do que uma exploração grotesca de uma subcultura que a todos causou repulsa.
Cinema, documental ou ficcional, não será certamente, e a única que até à data não me causou nenhuma simpatia ou votos de apoio sendo assumidamente um puro desperdício de tempo e dinheiro caso o bilhete tivesse sido pago. Assumidamente um pedaço de lixo cinematográfico.
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