O Sétimo Filho de Sergey Bodrov é uma longa-metragem norte-americana e um dos primeiros filmes a estrear comercialmente em Portugal este ano.
John Gregory (Jeff Bridges) é o sétimo filho de um sétimo filho e passou toda a sua vida a proteger a Terra de bruxas, fantasmas e outros seres que se querem apoderar da vida e da luz. No entanto, a idade não tem perdoado e John necessita agora de encontrar um aprendiz que possa dar continuidade ao seu trabalho de vida. Depois de várias tentativas John encontra uma esperança em Thomas Ward (Ben Barnes) que terá de defrontar Malkin (Julianne Moore), a bruxa mais perigosa e poderosa de todos os cantos do país que agora se prepara para retomar todo o seu poder.
Poderá Thomas assegurar que os ensinamentos de John são suficientes para defender a existência como a conhece ou estará Malkin mais poderosa do que nunca?
Rico em efeitos especiais que dão um brilho especial a Seventh Son, e ainda que inicialmente simpático pela perspectiva de mundos paralelos dentro do mundo como o conhecemos, que recria até algum misticismo inerente a este género cinematográfico, o argumento desta longa-metragem da autoria de Matt Greenberg, Steven Knight e Charles Leavitt perde-se num conjunto de momentos que pretende contar e apresentar a uma velocidade vertiginosa que, na prática, nunca chegam a ser devidamente desenvolvidos para dar corpo não só à história em si como principalmente à enorme quantidade de personagens que dela fazem parte.
Cada uma destas personagens tem uma história potencialmente rica não só pela perspectiva dos poderes que cada uma apresenta mas também pela perspectiva de poder dar a conhecer ao espectador os porquês de se terem tornado servos do Mal - na sua maioria - desenvolvendo assim os seus traumas, passados, lutas e derrotas. Aqui conhecemos sim aqueles traços gerais que dão a conhecer o lado ao qual juraram fidelidade mas na prática não sabemos se cada um deles tem um passado específico ou se são apenas fiéis ao lado negro "porque sim", deixando esquecido todo um potencial por revelar e que aqui apenas funciona para fazer correr a hora e meia de filme sem que, no entanto, lhe seja dada qualquer profundidade.
O espectador percebe que estas personagens têm conteúdo - algumas até demasiado e que poderiam ter o seu próprio filme - mas, no entanto, o que se explora é apenas a ideia desse potencial sem que na verdade ele seja apresentado. No fundo, as personagens existem para demonstrar que cada "lado" tem os seus fiéis seguidores e eles são revelados pela magnitude do poder que cedem ou usam para se fazerem vingar mas, para além disso, são apenas personagens demasiadamente secundárias para se tornarem - na sua maioria - suficientemente relevantes para a história em si.
Com buracos óbvios no enredo, Seventh Son vive - e aqui sim bem - dos elementos técnicos que o compõem nomeadamente os já referidos efeitos especiais, a direcção de fotografia de Marco Beltrami, de uma direcção artística de Dante Ferretti e guarda-roupa de Jacqueline West que fazem jus às suas respectivas carreiras e nos presenteiam com um ambiente de época medieval digno do seu nome... aqui sim o espectador sente que está perante sinais de evidente excelência.
Mas ficamos por aí... com a ideia de que este filme poderia ter sido mais explorado entregando toda uma nova perspectiva - e história - do género, desenvolvendo até uma eventual sequela onde o espectador poderia conhecer mais sobre os diferentes enredos de cada uma destas personagens - até então - por desenvolver ou novas que iríamos conhecer mas, no entanto, Seventh Son torna-se num daqueles filmes que prevê sim essa continuação mas que só existirá se os resultados de bilheteira do título original forem suficientemente bons que a justifiquem... caso contrário teremos este filme que será apenas uma vaga memória no pensamento de todos nós.
E se a tudo isto juntarmos o facto de que temos um elenco onde figuram os nomes de Jeff Bridges, Julianne Moore, Djimon Hounsou, Olivia Williams, a estrela em ascenção Alicia Vikander ou o já habituado a estas andanças do cinema fantástico Ben Barnes, então percebemos que Seventh Son poderia ter ido muito - muito mais - longe do que aquilo que nos é apresentado que deixa um certo sabor a curiosidade mas não faz muito por nos garantir que iremos ter mais e com um conteúdo mais explorado para além de uma história que, tal como é apresentada, já a vimos em tantos outros filmes do género.
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