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Os Incorruptíveis Contra a Droga de William Friedkin foi o filme que saiu grande vencedor da edição dos Oscars de 1972, tendo vencido nas categorias de Filme, Actor (Gene Hackman), Realizador, Montagem e Argumento Adaptado.
O filme conta-nos a história de Jimmy "Popeye" Doyle (Hackman), um polícia bruto e sempre pronto para mais uma qualquer confusão que embarca numa luta contra o narcotráfico no momento em que descobre que um grande carregamento de droga está prestes a entrar nos Estados Unidos pela mão de Alain Charnier (Fernando Rey).
Popeye e o seu parceiro Buddy Russo (Roy Scheidernuma interpretação que lhe valeu uma nomeação ao Oscar de Actor Secundário) não só descobrem como perseguem e evitam que esta droga entre livremente nos Estados Unidos não sem pelo meio passarem por algumas provas de fogo que irão pôr em causa as suas vidas.
Ponto favorável para este filme é sem dúvida o facto de ter influenciado de forma definitiva muitos, senão todos, os filmes policiais que foram feitos desde então quer pela abordagem que dão aos respectivos temas como pela própria filmagem em si muitas das vezes feito como que de uma forma quase documental onde seguimos o rasto da mercadoria desde a sua origem até ao seu destino.
É também inquestionável o facto de ter como seu actor principal actor esse grande homem que é Gene Hackman que também com esta interpretação moldou muita da sua carreira. Não que aqui interprete o vilão de serviço mas os seus modos brutos e pouco ortodoxos iriam caracterizar a sua carreira de uma forma muito caracteristica. É um cliché dizer que adoramos quando faz de bom mas deliramos quando faz de mau, mas o que é certo é que isto lhe assenta que nem uma luva.
No entanto, e mesmo com estes aspectos que são deveras positivos, não deixa de ser verdade que quando acabamos de ver este filme (que por sinal acaba por passar sem darmos pela sua duração), ficamos com uma bem forte sensação de que este filme poderia ter sido muito mais. As personagens são cativantes e o argumento, hoje já muito visto mas na altura era uma relativa novidade, é bastante forte e coeso e o Oscar que venceu isso comprova, mas algo parece que não foi consistente no filme. Não sei apontar algo em concreto mas sei que fiquei com a impressão de que poderiam ter existido mais contornos ao longo da história que permitissem ter as suas personagens mais desenvolvidas.
O filme acaba quase por se centrar nas personagens de Popeye Doyle e de Alain Charnier. O primeiro é um polícia rude e alcoólico mas que se mantém fiel ao principal... a lei. O segundo é um homem de boas maneiras e exemplo (aparente) na sociedade que, no entanto, é um dos maiores barões da droga e tudo faz para a transportar e vender onde mais dinheiro lhe der a ganhar. As demais personagens acabam quase sempre por girar em torno destas e ter a sua existência e desenvolvimento muito graças ao que elas fazem e como elas se comportam. O desenvolvimento existe com base nestes dois polos bem distintos entre si e esse considero ser um dos pontos mais fracos na medida em que são personagens que não têm uma vida própria bem delineada.
No entanto nem tudo é negativo. A perseguição que a meio termo Popee Doyle faz pelas ruas da cidade é não só memorável como histórica e uma das de referência em toda a história do cinema. Mesmo que nunca viu o filme não deixa de reconhecer o momento quando se vê isoladamente identificando de imediato este filme.
Gostei de ver este filme principalmente pelo prazer que é poder ver esse grande Gene Hackam actuar no seu melhor mas reconheço no entanto que não é um filme que considere ter satisfeito toda a vontade que tinha de o ver. É um filme que "passa" sem deixar marca à excepção de alguns, muito poucos, pontos de referência e que acaba por não constar naquela "prateleira" dos melhores de sempre independentemente da quantidade de prémios que conseguiu arrecadar.
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6 / 10
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