Quarentena de John Erick Dowdle é o remake norte-americano do filme espanhol [REC] de Jaume Balagueró e Paco Plaza, onde um grupo de indíviduos fica retido num prédio de Los Angeles depois de um misterioso surto epidémico infectar alguns dos seus habitantes.
Na mesma noite uma equipa de jornalista efectua uma reportagem sobre o trabalho nocturno de um conjunto de bombeiros que, numa chamada de emergência são levados àquele prédio e ali encerrados com os seus moradores. Sem saberem do perigo que os espera são ali todos encerrados naquela que será uma turbulenta e muito sangrenta noite.
Isto é o melhor e a mais correcta descrição que consigo fazer sobre este filme. O efeito surpresa em relação ao filme original já não é nenhum e sabemos perfeitamente quando vai acontecer o quê. A única diferença em relação em prédio em Barcelona centra-se precisamente no facto de aqui os moradores terem de pertencer quase obrigatoriamente a um conjunto variado de étnias e nacionalidades que retratem um universo variado de populações que povoam os Estados Unidos e fazendo assim com que a audiência nas salas de cinema possa ser um pouco mais alargada. Temos hispânicos, afro-americanos, europeus de leste e os de origem europeia nórdica dando assim um mosaico "perfeito" que vá agradar a gregos e a troianos.
O desenrolar do filme, para quem viu [REC] torna-se, em muitos momentos, bastante aborrecido. Temos os acontecimentos a decorrem ao mesmo ritmo, com os mesmos sustos apenas inovados com a presença de um cão que está tão infectado como a menina de Medeiros do filme original e que potencia um momento que poderia ser interessante mas que acaba abafado e sem qualquer interesse. Já sabemos como é o público norte-americano sempre sensível a excessos de violência que mostrem muito sangue... pelo menos para com alguns filmes.
No entanto, e a estragar em doses industriais o suposto suspense que este filme deveria ter, aqui os infectados são do mais mal pensados e caracterizados possível. Não só parecem em diversas ocasiões terem uma máscara colocada na cara em vez de uma caracterização que os torne realmente medonhos, como ainda por cima quando presos dentro de um apartamento parece que andam a saltitar por cima dos móveis como se de macaquitos charrados se tratassem. Enquanto que na história de Balagueró e Plaza os infectados metem realmente medo, aqui quase que damos por nós a rir com os berros histéricos que dão a fingir que nos querem meter medo.
O mesmo acontece com Jennifer Carpenter que nesse grande O Exorcismo de Emily Rose tanto impressionou mas que aqui mais parece uma amadora que não sabe para onde se virar. Muito sem sal e sem qualquer tipo de protagonismo como aquele alcançado por Manuela Velasco, não só Carpenter é abafada por um filme mau como todo o elenco não consegue ter uma interpretação que se consiga destacar em todo o filme.
Como uma clara vontade de se destacar da película espanhola este Quarentena não só não o consegue como acaba por repetir tudo aquilo que já vimos, mostrando assim que só existe para tentar criar um filme tão rentável nos Estados Unidos como o [REC] havia sido em Espanha, perdendo não só toda a originalidade como o suspense e o efeito surpresa.
É, em suma, um filme que nos distrai mas que não tem qualquer interesse.
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3 / 10
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