Ted de Seth MacFarlane é provavelmente um dos filmes que mais antecipei ver este Verão. Agora que já o vi posso confirmar que tinha boas razões para tal.
John é um miúdo de um bairro periférico que não tem amigos. Todos o repudiam... mesmo aqueles que são normalmente alvo de pancadaria dos mais fortes. Quando chega o Natal e os pais lhe oferecem um urso de peluche quase tão grande como ele próprio, John encontra ali o amigo que nunca teve e onde sente poder depositar toda a sua confiança e desabafos. John encontrou o seu amigo perfeito que deseja poder falar-lhe tal como ele faz. Por vezes há desejos que se concretizam e Teddy ganha misteriosamente vida tornando-se assim no amigo que John sempre quis ter.
Com o passar dos anos seria de esperar que John (Mark Wahlberg) se tivesse tornado num homem independente e adulto e que o seu amigo de infância fosse apenas uma miragem na sua memória mas, pelo contrário, Teddy, agora Ted (Seth MacFarlane) continua ainda a ser o melhor amigo de John mesmo que Lori (Mila Kunis), a sua namorada lhe diga que tem de ser finalmente independente de um urso de peluche e seguir em frente com a sua vida.
Ted é um filme que poderia facilmente cair no absurdo e no ridículo e ser um dos maiores flops dos últimos tempos arruinando assim uma muito bem conseguida, e gerida, carreira de Wahlberg. No entanto, não só o actor tem uma interpretação completamente feita à sua medida como existe uma intensa química entre a sua personagem e um urso de peluche que tem, curiosamente, a interpretação (se assim se pode chamar) do filme. Digamos que Ted, e o muito mérito que a expressiva voz de Seth MacFarlane tem, são a alma do filme. A química existente entre ambos é absoluta e conseguem criar verdadeiros momentos de boa disposição e humor mesmo que para isso tenham de puxar ao mais ordinário mas que aqui estão perfeitamente bem enquadrados e todos nós queremos ver e ter muito mais... e o que é certo é que nenhum de nós vai olhar para o tapete das compras na caixa do supermercado da mesma forma... muito menos para o gel de banho... e mais não digo!
Mark Wahlberg tem uma excelente interpretação. Se durante a maior parte do filme temos um homem adulto com comportamentos de uma criança pequena, o que é certo é que ao mesmo tempo consegue alternar para um registo adulto e com comportamentos ditos normais da sua idade. Não sendo possivelmente a interpretação da sua carreira, não deixa igualmente de ser verdade que esta será uma daquelas pela qual será recordado. Não lhe vai dar um Oscar mas a nomeação ao Globo de Ouro... não sei não...
Mila Kunis que aqui interpreta Lori, a namorada de John, consegue ser o elemento lúcido do trio, e criar a ligação adulta à vida de John. Uma interpretação bem mais ligeira do que a que teve em Cisne Negro mas, ainda assim, firme e que demonstra que esta actriz irá realmente ter uma carreira promissora. Destaque ainda para a interpretação secundária de Giovanni Ribisi com a sua assustadora(mente) disfuncional interpretação como o homem que cresceu a desejar ter um Teddy e que educou um igualmente disfuncional filho que consegue fazer tremer o mais corajoso dos homens. Os seus segmentos finais são no mínimo hilariantes. E também para Sam. J. Jones, mítico actor desse "mau" clássico Flash Gordon que aqui volta como uma versão drogada e plastificada... dele próprio.
Para lá das óbvias obscenidades que iremos ter ao longo de TODO o filme, verdade seja feita à verdadeira mensagem que este pretende alcançar. A amizade verdadeira e a cumplicidade existente entre dois seres que aqui se assumem como um humano e um urso de peluche que ganhou vida, mas independentemente de serem o que forem, é o que está por detrás de todas as acções. Este filme mostra-nos de uma forma mais ou menos real, dependendo dos momentos em causa, o crescimento de dois indivíduos e de como a sua amizade pode transformá-los nos mais variados momentos. Até mesmo a forma como ambos podem crescer à cista dessa mesma amizade. Como ela pode ser verdadeira e incondicional e especialmente como a verdadeira amizade que uma pessoa sente por outra pode ser ao ponto de abdicar da sua própria felicidade.
Possivelmente poucas pessoas vão pensar nisto quando vão estar a ver este filme. Menos ainda se calhar aqueles que pensam nisto depois de sair da sala de cinema mas, acima de qualquer obscenidade que nos faça rir e "gargalhar", o que é certo é que esta é uma das mais bem conseguidas histórias de amizade, contada através da comédia, feita nos últimos tempos.
Simplesmente delirante.
..
"John e Ted: When you hear the sound of thunder
Don't you get too scared.
Just grab your thunder buddy
And say these magic words:
"Fuck you, thunder!
You can suck my dick!
You can't get me thunder
'Cause you're just God's farts!""
.8 / 10
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