sábado, 7 de julho de 2012

Automaton Transfusion (2006)

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Automaton Transfusion de Steven C. Miller foi um daqueles filmes que me "caiu de pára-quedas" e do qual não fui capaz de desviar a atenção logo a partir dos primeiros instantes que, sem revelar nada, assumo serem dos mais bem conseguidos dos últimos tempos neste género de filme.
A história, no seu todo, é semelhante a todos os outros filmes do género. Numa pequena e pacata cidade do interior estranhos acontecimentos começam a suceder a um ritmo galopante quando os seus habitantes apresentam estranhamente um apetite voraz por carne humana. Desde a ocasional dentada a um frenesim de banquetes vai um salto, e aquilo que parecia um acidente isolado apresenta-se como um surto que é capaz de dizimar toda uma população.
Mas na prática, e já sabendo o que nos espera na globalidade, como apreciadores do género deixamo-nos levar por aquilo que o filme apresenta. Muita dentada, muita carne pendurada (qual talho), muito sangue... basicamente, muito gore. Mas nós não nos importamos... afinal se gostamos de ver estes filmes sabemos o que eles nos reservam e mesmo que os ocasionais e inevitáveis sustos, já esperados na sua maioria, surjam nos momentos em que nós sabemos que eles vão surgir, a realidade é que não nos importamos. Venham eles...
Com o decorrer da trama tomamos conhecimento de algo que acaba por também já se tornar óbvio... afinal o surto não é assim tão de origem desconhecida mas trata-se sim de uma experiência governamental que deu para o torto (para detalhes há que ver o filme), e mesmo assim, com tão familiar argumento, continuamos a gostar de ver o que este filme tem para apresentar.
No entanto, não há bela sem senão e os problemas surgem quando começamos a olhar para o filme de uma perspectiva técnica. Estes zombies que apesar de primarem por uma óptima caracterização que mais nos enoja do que mete medo (mete algum) e serem dotados de uma rapidez só semelhante à da saga 28 Dias Depois, são rapidamente "abafados" por alguns problemas técnicos a nível da coordenação de som e dos diálogos dos actores que por várias ocasiões tornam cansativa a percepção da acção do filme. Na teoria, no entanto, voltamos a nem ligar muito ao que se passa pois queremos é ver até que ponto aquelas personagens conseguem resistir a tão fortes investidas daquele bando de zombies que não desiste de dar a próxima "dentadinha".
Nem mesmo os desempenhos interpretativos deste conjunto de actores, que nem sempre é o melhor mas que consegue ser competente para o género que defende, nos faz afastar do filme. Queremos mais... e todos nós o sabemos...
Na prática o filme está exactamente onde o queremos... Clichés sobre clichés recheados com muito sangue e muito gore, uma boa caracterização dos mortos-vivos e a eterna cena familiar destroçada com a vitimização de alguns dos seus. No entanto nem tudo é assim tão "perfeito"...
Este filme estraga tudo aquilo que conseguiu construir ao longo de setenta e cinco minutos quando, de um momento para o outro, no exacto momento em que queremos ver mais termina abruptamente com a insultuosa mensagem "TO BE CONTINUED".
Continua?! Mas... continua quando e para onde? Para onde ainda poderia esquecer pois muitos, senão todos, estes filmes acabam quase sempre da mesma forma... Agora "quando" é algo que não posso esquecer. Se pensar que este filme já leva seis anos e que até à data não foi apresentada mais nenhuma continuação, fazendo com que uns já tenham esquecido o que viram e outros tantos nem se lembrem das personagens que aqui fizeram o seu "pézinho de dança", é no mínimo um insulto pensar que algum dos espectadores que poderão ter gostado do que aqui foi apresentado queira agora voltar a repetir a dose.
Se todo o filme estava construído de uma maneira agradável para o espectador, este final pode dizer-se que é no mínimo uma vergonha. Vou mais longe e repito-me, é um insulto do realizador não entregar um final lógico, gostássemos dele ou não, e que encerra-se um capítulo. Afinal de contas não estamos a falar de nenhuma trilogia tipo O Senhor dos Anéis onde existe uma continuidade lógica entre cada um dos títulos. Aqui não. Aqui estamos apenas a ver um filme do qual queremos ver um final. Mesmo que esse final significa o linchamento de todas aquelas inocentes almas que "zombificaram" do dia para a noite.
Por muito amador que fosse todo o trabalho em questão não lhe aponto isso como um defeito mas sim como fruto de criadores que podem ter tido aqui uma das suas primeiras experiências e que, depois de ver os cinco minutos iniciais, até lhes gabava o esforço. No entanto, todo o trabalho feito com este filme é literalmente deitado ao caixote do lixo com um final sem qualquer sentido ou razão de ser. Muito menos quando a respectiva "continuação" nunca chegou.
Interessante para o género mas completamente desmotivador pelo seu absurdo final.
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3 / 10
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