A Parideira de José Miguel Moreira é uma curta-metragem portuguesa que nos relata a viagem de um jovem casal que não consegue engravidar.
Não obtendo qualquer tipo de resultados para com o seu desejo, Margarida (Ana Moreira) regressa às suas origens na companhia do marido (Diogo Morgado) onde, na companhia de um sinistro pastor (José Pinto) se dirigem até à famosa Parideira, uma gruta onde reza a lenda cada mulher infértil que lá entra, de lá sai grávida.
Como nem tudo é perfeito, a contrapartida é que ao mesmo tempo que a mulher engravida, alguém terá de se sacrificar e lá ficar para morrer...
Baseada numa lenda popular transmontana, esta curta-metragem prima, logo de início, pelo mangífico conjunto de actores que lhe dão vida. Por um lado um actor da "velha guarda" como é o caso de José Pinto que seduz qualquer um pelas suas interpretações dominantes. Quer seja como actor principal quer como secundário, José Pinto demonstra ser um actor forte, intenso e que compõe personagens francamente carismáticas que em muito contribuem para um enredo mais denso, o que faz dele o actor perfeito para compôr personagens essenciais para um ambiente mais enigmático. É o actor que encarna aquela personagm dócil que todos gostaríamos que fosse nosso vizinho como é, ao mesmo tempo, capaz de um pérfido sorriso que nos gela os ossos.
A seu lado temos uma dupla de actores desta nova geração que também falam por si. Se por um lado Diogo Morgado já deu provas do seu potencial, é também certo que precisa "daquela" personagem que lhe sirva de referência para o futuro, sendo que no caso de Ana Moreira através das personagens que já interpretou no cinema, conseguiu garantir firmemente o seu nome como um dos mais sonantes e importantes da sétima arte, bastanto para isso nos lembrarmos de filmes como Os Mutantes ou Transe e que aqui, uma vez mais, demonstra que o seu rosto angelical é capaz de encarnar fortes e vibrantes personagens dignas do mais sério suspense.
Quanto ao argumento, também da autoria de José Miguel Moreira, este consegue recriar um ambiente onde a suspeita reina desde o início. Sabemos que aquele casal se encontra no limite do seu desespero e percebemos que esta é, para eles, a última esperança de uma potencial paternidade e, ao mesmo tempo, sabemos que algo está prestes a correr mal graças à tal subtileza maléfica que as parcas expressões do "pastor" de José Pinto deixam transparecer, contribuindo assim para um ambiente geral onde o mal-estar é predominante.
Intensa, enigmática e com o suspense à flor da pele, esta curta-metragem é um trabalho a ver e apreciar pela sua capacidade de nos surpreender e prender à cadeira.
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7 / 10
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