Ante la Araña de Marc Nadal é uma curta-metragem espanhola que nos conta a história da turbulenta relação entre mãe e filha. Debora (Rosa Nicolás), a mãe que vive em repouso absoluto na cama, depende de Caterina (Montserrat Ocaña) a sua filha, que tem toda a sua vida anulada para tratar dela. Ambas têm uma relação que se sente tensa. Não vivem num clima de conflito declarado mas o ressentimento vive expresso não só nas histórias de Caterina que a mãe nunca aprovou por considerar uma perda de tempo, como também no olhar reprovador que lança constantemente para a sua mãe.
Até que ponto irão estas duas mulheres conseguir conviver num espaço que parece cada vez mais fechado com acusações e ressentimentos que parecem estar prestes a explodir a qualquer momento, mas também para perceberem que para o bem e para o mal elas são a mais longa e duradoura companhia que têm...
Marc Nadal que novamente apresenta uma curta-metragem que não só realiza mas da qual também escreveu o argumento, volta a entregar um interessante trabalho que reflecte sobre as relações humanas e, muito em concreto, aquelas que unem indivíduos com laços familiares bem próximos. O que os leva a deteriorar ao ponto de se tornarem incómodas, abusivas e prejudiciais para o bem-estar comum, constituindo assim um interessante relato não só através dos relatos que nos chegam através das duas personagens mas também através das histórias que uma delas criou como forma de encontrar um escape a um ambiente que é, essencialmente, abusivo e que a impediu de um saudável desenvolvimento, tal como se se encontrasse numa teia de onde não conseguia escapar quer pela impossibilidade da situação em que se encontrava quer pelos bloqueios psicológicos que esta lhe colocou.
Com interessantes interpretações das duas actrizes mas com uma violência verbal e emocional sentida por parte de Rosa Nicolás que quase domina a presença no ecrã através da sua ora frágil ora abusiva presença, esta curta-metragem consegue reunir um conjunto de situações e de momentos que nos prendem ao ecrã com a sua intensidade.
Um filme cru, bruto e sem rodeios cuja história repudiamos mas cuja mensagem nos fascina.
.
.
7 / 10
.
Sem comentários:
Enviar um comentário