Bicho de Carlos Jesus e Miguel Munhá é uma curta-metragem portuguesa de ficção que nos conta a história de Francisco (Hugo Costa Ramos), um jovem actor que depois de uma noite de excessos onde conhece Joana (Júlia Belard) uma interessante mulher, descobre que alguém colocou na sua página pessoal numa rede social a data da sua morte.
A partir deste momento e de uma sucessão de eventos, a sua vida passará a estar estranhamente condicionada levando-o a questionar-se sobre a veracidade daquele estranha mensagem que parece anunciar o seu fim.
O argumento de Bicho, escrito Jesus e Munhá, coloca-nos alguns interessantes aspectos sobre a vida daqueles a quem vulgarmente apelidamos de "famosos". Em primeiro lugar no facto de quão diferentes são realmente as suas vidas das demais pessoas e ao mesmo tempo que factor impele alguns a considerarem que estão de certa forma "imunes" às brutais realidades do dia-a-dia quando estão, na prática, constantemente expostos a toda essa comunidade que observa cada passo seu. Como sua directa consequência Bicho leva então o espectador a questionar-se sobre qual será a real segurança - física e integridade psicológica - daqueles que decidem partilhar muito das suas vidas e dos seus contactos num espaço que está amplamente público, onde tudo e todos podem ser vistos e seguidos estando pouca informação realmente "segura" e finalmente sobre o pouco cuidado dado a comentários que, mesmo que pareçam inofensivos na realidade não o são.
É então que entramos numa espiral durante uma semana onde todos os acontecimentos se sucedem de forma a que encare aquela ameaça como algo real, mas talvez não na direcção que pensa, e com o qual se deve preocupar que "Francisco" se encontra realmente com quem quer fazer justiça... ainda que pelas suas próprias mãos.
Bicho e o seu argumento levantam as questões essenciais para a sociedade do momento... a falta de privacidade, os excessos e o viver rápido sem pensar em consequências que são reflectidos por um conjunto de interpretações que são consistentes com os elementos que exalam. No entanto, permanece para o espectador a ideia de que estas mesmas interpretações, e de certa forma a curta-metragem em si, merecia um prolongamento para melhor serem exploradas. Percebemos o contexto em que estão, especialmente o de "Francisco", mas não deixa de ser verdade que gostaríamos de saber mais sobre o seu passado e a ideia que permanece no ar sobre o viver na fama de um filme que lhe granjeou a tal concepção de fama que detém.
Exploração esta que se sente ser também muito necessário na personagem interpretada por Salvador Nery, o ex-namorado ciumento que surge naquele que é possivelmente o momento mais tenso desta curta-metragem e que acaba por "roubar" momentâneamente o protagonismo de Costa Ramos e que, como tal, merecia o seu próprio caminho pois certamente estaria referenciado como uma das melhores interpretações secundárias do ano.
Finalmente um facto que me deixou curioso nesta história foi a forma como a vida de "Francisco", a personagem principal, é encarada. O espectador é levado a visitar um mundo privado no qual ele revela ser alguém sem uma linha de objectivos a seguir. Sente-se que esta personagem, à qual Hugo Costa Ramos dá vida, é o espelho de alguém que não conseguiu avançar no tempo tendo ficado preso a uma ideia de fama e ilusão que o estancou. Alguém que procura um trabalho que o relance na sua carreira e que por não o conseguir termina a implorar não pela continuidade da sua vida mas sim pela extinção da mesma pois esta, e só esta, lhe poderiam garantir a tranquilidade que parece não possuir em vida.
Bicho que conta ainda com a participação de Welket Bungué como "Mário", o agente de "Francisco" e João Craveiro como "Jorge", o realizador que pretende tê-lo como protagonista do seu próximo filme é assim uma curta-metragem sobre a fama, aqueles que a alcançam e principalmente sobre os outros... os que vivem na sua ilusão sejam eles intervenientes directos ou aqueles que sonham com a sua existência, que se guiam pelos seus caminhos e que se inibem pelas suas ditas condicionantes. Curta-metragem esta que tinha (tem) potencial para ir um pouco mais longe principalmente na exploração de algumas das suas personagens que se torna essencial para o enquadramento das suas histórias individuais e melhor demonstrando as interpretações de alguns dos seus actores.
.É então que entramos numa espiral durante uma semana onde todos os acontecimentos se sucedem de forma a que encare aquela ameaça como algo real, mas talvez não na direcção que pensa, e com o qual se deve preocupar que "Francisco" se encontra realmente com quem quer fazer justiça... ainda que pelas suas próprias mãos.
Bicho e o seu argumento levantam as questões essenciais para a sociedade do momento... a falta de privacidade, os excessos e o viver rápido sem pensar em consequências que são reflectidos por um conjunto de interpretações que são consistentes com os elementos que exalam. No entanto, permanece para o espectador a ideia de que estas mesmas interpretações, e de certa forma a curta-metragem em si, merecia um prolongamento para melhor serem exploradas. Percebemos o contexto em que estão, especialmente o de "Francisco", mas não deixa de ser verdade que gostaríamos de saber mais sobre o seu passado e a ideia que permanece no ar sobre o viver na fama de um filme que lhe granjeou a tal concepção de fama que detém.
Exploração esta que se sente ser também muito necessário na personagem interpretada por Salvador Nery, o ex-namorado ciumento que surge naquele que é possivelmente o momento mais tenso desta curta-metragem e que acaba por "roubar" momentâneamente o protagonismo de Costa Ramos e que, como tal, merecia o seu próprio caminho pois certamente estaria referenciado como uma das melhores interpretações secundárias do ano.
Finalmente um facto que me deixou curioso nesta história foi a forma como a vida de "Francisco", a personagem principal, é encarada. O espectador é levado a visitar um mundo privado no qual ele revela ser alguém sem uma linha de objectivos a seguir. Sente-se que esta personagem, à qual Hugo Costa Ramos dá vida, é o espelho de alguém que não conseguiu avançar no tempo tendo ficado preso a uma ideia de fama e ilusão que o estancou. Alguém que procura um trabalho que o relance na sua carreira e que por não o conseguir termina a implorar não pela continuidade da sua vida mas sim pela extinção da mesma pois esta, e só esta, lhe poderiam garantir a tranquilidade que parece não possuir em vida.
Bicho que conta ainda com a participação de Welket Bungué como "Mário", o agente de "Francisco" e João Craveiro como "Jorge", o realizador que pretende tê-lo como protagonista do seu próximo filme é assim uma curta-metragem sobre a fama, aqueles que a alcançam e principalmente sobre os outros... os que vivem na sua ilusão sejam eles intervenientes directos ou aqueles que sonham com a sua existência, que se guiam pelos seus caminhos e que se inibem pelas suas ditas condicionantes. Curta-metragem esta que tinha (tem) potencial para ir um pouco mais longe principalmente na exploração de algumas das suas personagens que se torna essencial para o enquadramento das suas histórias individuais e melhor demonstrando as interpretações de alguns dos seus actores.
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