sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Pterodactyl (2005)

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Pterodactyl de Mark L. Lester é um dos muitos filmes sobre uma qualquer criatura disforme e fora do seu tempo que um qualquer canal de televisão nacional (não vou referir qual) resolveu passar numa das passadas noites de sexta-feira.
Um vulcão supostamente extinto resolve dar um ar de sua graça e despertar um segredo há muito guardado. No seu interior estão alguns ovos de pterodáctilo que, perturbados, irão dar alguns problemas à Humanidade ou pelo menos àquilo que se lhe assemelha nas suas redondezas.
Esta foi a melhor e mais polida descrição que poderia fazer sobre esta filme cujo argumento (ele existe?) foi escrito por Mark Sevi sem que pelo caminho me ocorresse dizer que que o mesmo é um conjunto de alarvidades sem sentido que "brilham" (muito limitadamente) no ecrã. Ups... já o disse!
Lester concentra-se francamente na execução de Pterodactyl como um filme mau. Desde a adaptação do referido argumento que não tem uma ponta de sentido que lhe confira alguma credibilidade, passando pelas péssimas interpretações de um conjunto de actores que ora parecem fadados para a desgraça e para a próxima mutilação e desmembramento como se estivesse a ler os lembretes que esconderam nos bolsos das calças e, tudo isto, sem esquecer que os efeitos especiais não só são maus como brindam a mediocridade e o amadorismo, no seu pior sentido, com primor.
A história ronda sempre o mesmo neste género muito característico de cinema (?) onde as personagens principais estão sempre envolvidas num conjunto de estudos geográficos e são repentinamente interrompidos não só pelo descalabro natural, e animal, que se avizinha como também por um qualquer conflito local que opõe as mafias e os militares do burgo. No meio de uma salganhada sem limites de onde ninguém parece poder escapar temos os tradicionais lugares comuns ou clichés que caracterizam cada uma das ditas personagens. Por um lado temos o par romântico que mais ou menos se confirma, a crescente contagem de vítimas entre o grupo de estudiosos que de inteligência pouco têm (aliás, muito lhe devem até e jamais a irão pagar), e os militares ou mafiosos que não só são brutos e violentos até dizer basta como fazem questão de serem mais rupestres do que um animal supostamente extinto há milhares de anos. No jogo do corre e esconde... poucos se safam e muita confusão, sem qualquer explicação razoável vai surgindo. Escusado será dizer que nesta altura já o espectador deseja a morte violenta de todas aquelas personagens absurdas e que o dito animal sobreviva e possa contar ele próprio a história. Eis a empatia que criam junto de nós.
Depois de assistir a um conjunto de filmagens que poderiam ter sido efectuadas nas traseiras da casa de qualquer um de nós para o qual apenas bastaria deixar crescer umas ervas e acartar com alguns baldes de terra para fingir que tinhamos uma qualquer montanha ali ao virar da esquina, Pterodactyl torna-se rapidamente num daqueles filmes que qualquer um de nós adora detestar pois, na prática, nada de útil ou com um mínimo sentido poderá alguma vez ser daqui retirado.
Vivam então os desmembramentos, que nem um estilo gore conseguem honrar, e os actores (ou pseudo) que são contratados para um conjunto de saltos, gritos, comentários inteligentes que não o são, clichés, textos fotocopiados de tantos outros filmes do género e um completo e (im)perfeito amadorismo que dá vida a algo que jamais deveria ter saído da gaveta... Aliás, Pterodactyl deveria ser como um vampiro... ao primeiro sinal de luz desfazia-se privando-nos assim, e muito alegremente, da sua triste e decadente existência que apenas resulta para um breve entretenimento (quanto muito) que rapidamente esquecemos como se de fast-food se tratasse e cujo propósito maior será mostrar como algo nunca deve ser feito.
Se a palavra nulidade fôr justa para caracterizar alguma vez um filme... a mesma será aqui como brindá-lo com um magnífico elogio.
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