segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Cemetery Gates (2006)

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As Portas do Cemitério de Roy Knyrim é uma longa-metragem norte-americana de "terror" - entre aspas já define muito do que ele é enquanto filme de género - e um que facilmente se insere naquele conjunto de obras que amamos odiar.
Depois do laboratório de Belmont (Reggie Bannister) ser invadido por dois ecologistas, Precious - a Diabo da Tasmânia mutante - é libertada na floresta adjacente provocando o caos por onde passa. Tudo ganha contornos mais preocupantes para Belmont quando este descobre que o seu filho Hunter (Peter Stickles) foi para a mesma floresta com um grupo de amigos onde se prepara para dirigir um filme de terror no cemitério que lá se encontra.
Determinado em parar com a ameaça à vida humana que é Precious, Belmont dirige-se para a floresta na companhia de Christine (Aime Wolf), também responsável pela sua mutação, salvando assim o maior número de vidas possível.
O mais engraçado de filmes como Cemetery Gates não é necessariamente a sua premissa que é invariavelmente semelhante a tantos filmes do género, mas sim o facto de ser construído com o máximo de seriedade para que tudo aparente ser amador, mal feito, mal dirigido e profundamente ridicularizante para todos os envolvidos. Apenas e só tendo isto em mente podemos equacionar a presença de momentos tão mal elaborados que rapidamente poderiam transformar um filme deste calibre em algo risível e muito pouco medonho - que, convenhamos, na prática nunca chega a ser - mas que o tal requinte em fazer dele mau preenche todos os requisitos necessários para que até lhe consigamos atribuir alguma graça... Afinal, mais não é do que um filme de entretenimento que cumpre aquilo a que se propõe.
Se esperamos algo que nos assuste pelos seus cenário macabros... podemos esquecê-lo. Aqui tudo é propositadamente tido de forma amadora, desde os espaços, aos adereços sem esquecer o próprio cemitério onde as potentíssimas cruzes das campas são mais leves do que um lençol e isto sem esquecer, claro, a rudimentar caracterização da "fera" de seu nome "Precious" (a sério?!) que em diversas ocasiões se apresenta como um homem dentro de um fato e com um andar digamos... "estranho" e que consegue ser quase do mesmo tamanho que um cavalo em idade adulta (lembremo-nos que isto era suposto ser um Diabo da Tasmânia). Se a isto juntarmos momentos onde gelatina líquida se assume como o novo tipo de sangue e nos diversos actores retirados às produções porno de mais baixo orçamento possível... o que temos no final é um cozinhado perfeito para um dos piores filmes dos últimos tempos - possivelmente de sempre - mas que, ao mesmo tempo, aprendemos a "gostar" dele pela simpatia e dedicação com que tudo foi feito para que no final tudo pudesse correr mal.
Saltos para o (des)conhecido que se encontra mesmo ao virar da esquina... burados dos quais não se consegue fugir sem uma corda mas que quando se esticam bem já estão com a cabeça de fora e cadáveres (sim, estamos num cemitério não se esqueçam) que se amarrotam como borracha e de seguida estão direitos como se nada fosse ou até mesmo o retrato de um cheio nauseabundo sem que se perceba que "Precious" está a passar ao lado, são apenas alguns dos detalhes que o realizador e respectiva equipa entregaram a este filme que suspeito ter demorado menos tempo a elaborar do que este simpático comentário que lhe estou a dedicar.
A nota que lhe atribuo e que poderão verificar já no final, em nada tem a ver com o potencial de divertimento que Cemetery Gates confere ao espectador que esteja disposto a vê-lo pois podem acreditar, vale a pena se o abraçarmos com paciência e sem esperar algo... bem feito. A pontuação que lhe atribuo tem única e exclusivamente a ver com o facto de ser um filme mau... Mau pela sua concepção e execução. Aspectos esses que, por sua vez, lhe conferem alguma graça, relativo humor e simpatia por um grupo de espectadores que apreciem o bom e velho cinema série B onde todos os erros são apreciados como uma arte sem glória que os torna filmes de culto... dentro do género. E no final perguntamo-nos: não gostámos de ver todos aqueles indivíduos serem despachados pela "simpática" Precious?
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