O Canto dos Cisnes de Marco Barbosa é uma curta-metragem portuguesa de ficção finalista do Prémio ZON en 2011.
Um casal refugia-se num estacionamento subterrâneo enquanto as ruas são tomadas de assalto por um grupo de infectados. Ela (Teresa Tavares) está infectada. É quando a sua esperança no futuro fica comprometida que Ele (Sisley Dias) tenta incutir-lhe algum sentimento de dias melhores com base no passado em comum. É durante a sua troca de palavras que Ela descobre que Ele também está infectado. Têm de sair dali... Para onde?!
O Canto dos Cisnes, cujo argumento é também da autoria de Marco Barbosa, torna-se em mais uma das entregas sobre um potencial fim do mundo, um apocalipse ou uma vaga de infectados que perseguem os poucos humanos que resistem e que coloca o par de actores em condições adversas e desconhecidas para com o seu futuro imediato. Presos num espaço de onde parecem não ter saída e reféns da sua própria condição física ameaçada pela infecção de que foram alvo, a grande questão que é então colocada ao espectador e que funciona de certa forma como aquela que se pretende retirar como conclusão desta curta-metragem reside em saber se vale a pena lutar quando tudo aparenta estar condenado.
Numa resposta que poderá apenas residir dentro de cada um de nós, o espectador depara-se então com a ideia de que a sua sobrevivência, independentemente dela ser física ou psicológica, encontra-se na capacidade que cada um tem de lutar, ou de ter algo pelo qual o fazer, e encontrar assim um rumo - o seu - para a sua vida ou aquilo que dela resta.
Uma conclusão algo explorada no universo do cinema apocalíptico, O Canto dos Cisnes faz, no entanto, uma interessante relação entre o seu título e a escolha dos seus protagonistas que resistem nem que seja para mostrar o seu último fôlego e decidir que o seu futuro poderá já não ser tão longo como quereriam mas será aquele que eles decidem antes de encontrar o inevitável fim. Existindo ou não uma fuga real, aquela que eles encontram é a que os próprios escolhem.
Um último aspecto a apontar a O Canto dos Cisnes é o seu interessante e bem executado trabalho de caracterização da autoria de Mariana Peixoto e Catarina Santos, que independentemente de ser um filme de um género muito concreto, confere aos actores uma aparência de crescente desgaste físico e psicológico entregando-os a uma notório espiral descendente que poderia facilmente ser enquadrado a tantos outros filmes.
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