O Código Base de Duncan Jones que já nos havia dado esse grande Moon, aqui reune Jake Gyllenhaal, Michelle Monaghan e Vera Farmiga numa história sobre realidades alternativas.
Colter Stevens (Gyllenhaal) acorda depois de sonhar sobre uma sua viagem de comboio onde uma bomba rebenta. Ao despertar dá por si num estranho recipiente e com Goodwin (Farmiga) a tentar chamá-lo à razão.
Com o decorrer da acção descobrimos que Colter está ali como forma de descobrir quem colocou a bomba naquele comboio e também servir como força preventiva de outros atentados terroristas que possam estar eminentes.
Aquilo que Colter não contava era poder no seu estado, que descobrimos mais tarde qual ser, sentir algum tipo de empatia pelas pessoas que iam no mesmo comboio que ele, apesar de oficialmente já terem morrido na explosão de que haviam sido vítimas, e equacionar a hipótese de que num mundo paralelo elas possam ainda estar vivas.
Duncan Jones que, como disse, nos entregou essa grande obra que é Moon, aqui aborda algo que tem algum paralelismo com esse filme, ou seja, as diversas realidade paralelas que se equacionam poderem existir. Imaginemos que a nossa vida é uma linha recta modelada de acordo com todos os acontecimentos pelos quais passa. Agora imaginemos que num dado momento algo de inesperado acontece e faz essa linha curvar quer para a esquerda quer para a direita dando-lhe assim um rumo diferente. A questão que aqui é colocada pela personagem que Jake Gyllenhaal representa é simples... Será que a linha recta inicial continuou dando origem também a outras? Isto é o mesmo que dizer que algures no mundo existem outros "eu" que levam vidas, à partida, diferentes daqueles que "eu" agora tenho. Realidades, ou mundos, paralelos todos a decorrer ao mesmo tempo mas, potencialmente, com outras componentes que não aquela que nós conhecemos.
Esta questão é de facto interessante e, se a equacionarmos, há um qualquer "eu" por aí que, na teoria, pode ser multimilionário ou viver num vão de escada. No entanto, esta não é realmente a questão central deste filme. Por muito interessante que seja pensar nisso, aquilo que é aqui fundamental são as relações humanas que estabelecemos na nossa vida. Seja ela real ou, como o filme teoriza, "alternativa". "Colter" tem um único drama pessoal. Não o facto de poder estar ou não morto, mas sim a dignidade que lhe é conferida no estado em que está. Estará bem ou mal? Em boas condições ou não? Tem uma vida digna e em descanso ou vive atormentado com algo que não poderá, à partida, controlar? E, dentro desta perspectiva, poderá ele nessa vida alternativa dar descanso a um pai que ficou sem o seu filho e, longe deste, iniciar a vida sentimental com que sempre sonhara?
Este filme consegue captar-nos a atenção sob estas duas perspectivas. Quer seja o filme de acção com as realidades alternativas e paralelas ou quer seja sobre a história e drama humano que liga um homem àqueles a quem mais deseja.
E é exactamente nesta perspectiva que realço um dos últimos momentos do filme. Aquele em que os seus últimos oito minutos de realidade paralela terminam naquilo que todos desejavam sem que, no entanto, conseguissem obter. Um sorriso geral por todos aqueles anónimos que o acompanhavam na sua viagem. Para mim foi um dos momentos mais emocionantes de um filme que não é só uma história de intriga e de acção. É para além disso, um meio de transmitir uma importante mensagem sob a forma de um filme de acção.
Um argumento bastante interessante para o género de acção que representa mas que para além de não estar cheio de pretensões ocas, felizmente, consegue ser mais do que um conjunto de banalidades que facilmente esquecemos.
Mais uma vez os parabéns a Duncan Jones que ainda com uma recente carreira consegue já ter dois títulos que despertam o interesse dos cinéfilos ao ponto de esperarmos por mais dos seus trabalhos.
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7 / 10
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