sábado, 3 de dezembro de 2011

Monsters (2010)

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Monsters - Zona Interdita de Gareth Edwards chegou-me às mãos como sendo uma agradável e surpreendente revelação que muitos catalogavam como sendo a "última grande descoberta cinematográfica". Se a isto juntarmos que na história surgiriam extra-terrestres, não nego que fiquei imediatamente interessado em ver qual o resultado deste filme tão bem falado.
Seis anos após uma invasão extra-terrestre que tornou parte do México e dos Estados Unidos numa zona interdita à vida humana, Andrew (Scoot McNairy) um distante e indiferente repórter decide ajudar Samantha (Whitney Able) a regressar a casa. Pelo caminho terão de atravessar toda a zona agora interdita e onde vivem esses seres "extra"-terrestres e tentar chegar ilesos ao seu lado da fronteira.
Não sei se por as minhas expectativas serem altas ou se este filme ter sido alvo de uma campanha publicitária bem "agressiva" que o fez esse tal "grande acontecimento" que saí, depois de o ver, um tanto ou quanto desiludido deste visionamento. E passo a explicar...
Quando espero ver um filme onde a temática "seres de outro planeta" é o ponto dominante, ou pelo menos apresentado como tal, espero ver algo que me faça realmente perceber que eles estão de facto ali e não ter apenas algumas aparições ocasionais (e muito pouco nítidas) da sua presença. Não preciso de grandes efeitos especiais ou de monstros horríveis e que metam medo, mas é essencial que seja clara a sua presença. Podem até vir disfarçados de humanos com comportamentos desviantes (existem uns quantos filmes desse género nomeadamente um que ocorre assim de repente, A Invasão), mas pelo menos a sua presença tem de ser evidente. Aquilo que aqui tenho são umas ocasionais presenças destes seres do espaço mas... pouco relevantes à excepção dos momentos finais e mesmo assim...
Não desgostei, no entanto, da abordagem destacada que o filme dá a, por exemplo, a questão da imigração. Onde coloca os humanos como aqueles que têm de passar por caminhos e provações em nome de um pedaço do céu, que é como quem diz, chegar aos Estados Unidos. Provações essas que passam pelos assaltos e perda dos bens, sacrifícios e abandono da zona de conforto de cada um, passar por caminhos impensáveis até ter o devido e merecido descanso. E, como se isso não bastasse, ainda chegar ao porto de abrigo e dar de caras com aqueles gigantescos muros que separam a civilização do dito "terceiro mundo".
Mas só isto não chega... Era preciso um pouco mais. Mas temos... Gostei igualmente da surpresa final onde podemos constatar após algumas ideias erradas, que afinal aqueles novos habitantes do planeta Terra, e já eles também com o seu próprio território anexado, não são tão maus ou destrutivos como poderiam inicialmente parecer. E depois então nesse exacto momento penso... afinal todos aqueles aviões a bombardear o solo e militares que de certa forma devastaram o terreno... não serão eles os verdadeiros monstros? Se formos a pensar bem e reflectir sobre os momentos passados do filme, esses extra-terrestres não destruíram nada nem ninguém que não estivesse armado. Afinal de contas os nossos dois principais intervenientes chegaram ao seu destino sãos e salvos. Tiveram um breve contacto com os novos seres e estes nada lhes fizeram.
No entanto, e em comparação, foram os mesmos militares que incessantemente bombardeiam todo o território dito hóstil que ao recolherem estes dois humanos os separam no exacto momento em que descobrem o amor e a cumplicidade que afinal sempre os uniu na sua viagem. Resta a pergunta, que aqui já se apresenta como óbvia, quem serão afinal os verdadeiros monstros?
Interessante do ponto de vista social e político este filme deixa, no entanto, um certo amargo de boca quanto ao aspecto apresentado como principal, ou seja, a suposta invasão extra-terrestre. Não deixa de ser cativante apesar da sua lenta "caminhada", mas não cumpre aquilo que esperava dele no que diz respeito ao que me havia sido publicitado.
Ainda assim é um filme diferente que vale a pena ver principalmente pelas conclusões mais ou menos óbvias que, no final, podemos retirar dele.
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7 / 10
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