Alabote de João Botelho e João Garcia é uma curta-metragem portuguesa de ficção que se afirma seguramente como um dos trabalhos dramáticos mais fortes e bem executados que vi nos últimos tempos sendo estas parcas palavras insuficientes para lhe fazer a devida justiça.
António foi abandonado à nascença pelos pais que o deixam aos cuidados da avó materna (Maria Medeiros). Em jovem idade António (Luís Aguiar) sonha poder reencontrá-los permanecendo numa ilusão que a avó lhe proporciona tentando assim protegê-lo ao esconder a verdade que está por detrás da sua própria história.
No entanto há uma vizinha (Paula Santos) que está sempre muito presente na vida de ambos e que tenta fazer com que António desperte do seu sonho irreal e que perceba finalmente o que realmente aconteceu. António luta contra as investidas desta vizinha aparentemente movida por algum sentimento de desdém, até ao dia em que a sua já debilitada avó não pode continuar a cuidar dele.
António foi abandonado à nascença pelos pais que o deixam aos cuidados da avó materna (Maria Medeiros). Em jovem idade António (Luís Aguiar) sonha poder reencontrá-los permanecendo numa ilusão que a avó lhe proporciona tentando assim protegê-lo ao esconder a verdade que está por detrás da sua própria história.
No entanto há uma vizinha (Paula Santos) que está sempre muito presente na vida de ambos e que tenta fazer com que António desperte do seu sonho irreal e que perceba finalmente o que realmente aconteceu. António luta contra as investidas desta vizinha aparentemente movida por algum sentimento de desdém, até ao dia em que a sua já debilitada avó não pode continuar a cuidar dele.
Quando referi que esta curta-metragem era um exemplo de boa execução, não me referia apenas a um conjunto de aspectos técnicos que funcionam, mas sim a toda uma conjugação de elementos que em união formam um filme perfeito.
Desde o argumento escrito por Carla Lima que nos entrega uma profundamente emotiva e dramática história que consegue, desde o início, não só prender o espectador ao ecrã como o faz de forma a que o mesmo se sinta embrenhado num conto que mais se assemelha a uma fantasia e que nos coloca nos determinado mundo paralelo onde essa mesma fantasia e a realidade estão apenas separadas por uma linha muito ténue, e que tem assim a proeza de retratar uma tragédia, o abandono e a perda como se se tratasse apenas de algo imaginado e irreal.
Esta mesma atmosfera é complementada por duas firmes e sólidas interpretações a cargo de Maria Medeiros e Luís Aguiar. A primeira como a terna avó que pretende salvaguardar o seu neto de qualquer desgosto afectivo que o abandono de que foi alvo lhe poderia (poderá) provocar. Assim, enquanto consegue protege-o da realidade, escondendo-a, e inventa todo um universo alternativo onde "António" pode viver em segurança e com o conforto que o único lar que conhece lhe tem proporcionado.
Por sua vez "António", é interpretado por Luís Aguiar, numa das mais sólidas e fortes interpretações do ano que preza não só pela intensa emotividade que o jovem actor deposita na sua personagem como principalmente pela dramatização da mesma que coloca o espectador num constante sufoco ao imaginar o que será daquele jovem no dia em que descubra toda a verdade. Desconhecia em absoluto este jovem actor, mas arrisco dizer que a continuar este nível de interpretação e com as personagens certas (que nunca se perca em interpretações ditas "juvenis"), será um sólido valor para o futuro da representação nacional, pois aqui como ninguém suporta toda uma história pela força da sua expressão, dos seus gestos, do seu olhar e da força que deposita em qualquer um deles.
A contribuir também para esta atmosfera que nos coloca em suspenso num universo oscilante entre a fantasia e a realidade está uma exímia direcção de fotografia de Hugo França e que nos mantém nesse limbo durante todo o filme. De certa forma nós sabemos onde nos "encontramos", mas a sensação que nos é proporcionada por esta junção de elementos é verdadeiramente muito agradável.
E finalmente, de regresso uma vez mais ao seu argumento, Alabote consegue não só conquistar-nos pela sua brilhante história como também pelo seu inesperado e surpreendente final que se afirma como emocionante e dramático e ao mesmo tempo cortante pela forma como pode mostrar um olhar sobre o passado e à forma como este influenciou a vida de alguém que, de certa forma, nunca o (se) esqueceu.
Numa única palavra não conseguiria descrever esta curta-metragem portanto vou utilizar três... magnífico, fenomenal e brilhante, que fazem dele um dos poucos grandes filmes deste ano cinematográfico, e dos jovens realizadores João Botelho e João Garcia valores seguros e garantidos para o cinema português ou mesmo europeu. Com um pouco de justiça... porque não arriscar dizer que é simplesmente um dos melhores da actualidade e dos quais espero que cheguem mais trabalhos aos quais vou ficar bem atento.
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10 / 10
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