Mai Stati Uniti de Carlo Vanzina é uma longa-metragem italiana de comédia estreada este ano cujo argumento escrito por Edoardo Maria Falcone, Carlo Vanzina e Enrico Vanzina nos conta a história de Antonio (Vincenzo Salemme) um empregado de balcão com uma paixão por futebol, Angela (Ambra Angiolini) uma secretária solteira e com frequentes ataques de pânico, Nino (Ricky Memphis) antigo mecânico divorciado, Carmen (Anna Foglietta) desempregada e cuja vida se dedica às compras e Michele (Giovanni Vernia) um adulto eterna criança que trabalha num zoológico.
Para além de não se conhecerem, e aparentemente não terem nada em comum, um dia o destino junta-os e ao serem notificados para se deslocarem a um notário descobrem que afinal são irmãos do mesmo pai, do qual nunca ouviram falar, e que têm uma herança para receber agora que ele falecera.
No entanto, e como forma de poderem receber a tão desejada herança têm de levar as cinzas do seu falecido pai para os Estados Unidos onde as deverão atirar para um lago no Arizona naquela que será uma viagem cheia de aventuras e comédia como como com algumas surpresas que lhes irão mostrar que há valores mais elevados do que aqueles que o dinheiro pode(rá) comprar.
Longe de ser uma grande comédia italiana, este filme de Carlo Vanzina prima mais por se constituir em quase todos os seus segmentos por elementos de humor nonsense e que não ressuscitam a boa comédia transalpina. Começando pelo próprio facto de não estar ambientado no seu meio natural onde há uma maior potencialidade de recursos e de um clima espontâneo para este género de comédia que aqui é descentralizada para os Estados Unidos onde os momentos de comédia são "actualizados" para alguma grosseria norte-americana com a sempre presente road-trip, aqui a la italiana à mistura.
Passamos por todos os elementos ditos típicos do estilo e somos levados para o seio de um conjunto de motards, casas de prostituição e ambientes mais ou menos dúbios onde se tenta fazer uma adaptação da dita comédia mas que aqui funcionam não para prestigiar o género mas sim para parodiar mais um conjunto de pessoas que acabam por cair de páraquedas num país estrangeiro ridicularizando por vezes o próprio país, os hábitos e os costumes no seu todo através dos estereótipos habituais.
Dito isto, e com a excepção de um momentos pontuais onde realmente se conseguem retirar alguns pequenos e breves segmentos de comédia, todo este filme é feito de um conjunto de clichés pré-fabricados que mais parecem ter sido construídos por alguém norte-americano com os seus próprios pré-conceitos sobre os povos fora do seu próprio país do que propriamente por um conjunto de italianos que olha para si próprio e dá (ou tenta) o seu melhor mas que não ultrapassa os limites desses mesmos clichés. Do argumento retira-se a interessante premissa de um grupo de pessoas com passado distinto mas um presente assustadoramente comum e que contribuiu para os seus (in)sucessos mas que descobre algo que pode potencializar o seu sentimento de pertença e de se conseguirem sentir enquadrados num espaço e num grupo, ou seja a família, mas a sua execução acaba por ser um total fracasso de onde muito pouco de interessante se consegue realmente retirar.
Assim, no final, temos uma comédia ligeiramente simpática mas com poucos elementos de identificação para o espectador, que podendo não ser italiano percebe os pré-conceitos utilizados, e que apesar da tentativa de algum humor está longe de servir como uma referência para o género limitando-se a um conjunto de banalidades que, regra geral, não funcionam.
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3 / 10
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