Fist of Jesus de David Muñoz e Adrián Cardona é uma curta-metragem espanhola de comédia gore e, sem qualquer tipo de reservas, uma das melhores do género não só deste último ano como de sempre pois é fiel ao espírito desde o primeiro instante até ao seu final que, para mim que vibrei com todos os instantes, chega cedo demais.
Jesus (Marc Velasco) fala ao seus fiéis entre os quais se destaca Judas (Noé Blancafort), um dos seus mais próximos seguidores quando são subitamente interrompidos por Jacobo (Salvador Llós) que lhe implora que vá salvar o seu filho Lázaro (Roger Sotera) que acabara de morrer.
Jesus calmo, paciente e excessivamente "cool" segue Jacobo e salva o seu filho de uma morte que todos espanta e o torna no salvador que todos esperam. No entanto, a ressurreição de Lázaro não corre tão bem como Jesus esperava e fá-lo retomar à vida como... um zombie.
A partir deste momento Jesus tem não só de lidar com um pequeno erro nos seus dons como também terá de lidar com uma imensa praga de mortos-vivos que aos poucos vão tomando conta de todo o território num banho de sangue sem limites e que fará o Jesus encarnar uma postura bem diferente daquela a que as histórias bíblicas nos habituaram.
O realizador e também argumentista David Muñoz consegue criar uma fantástica história do género que é não só original pela época em que se insere como também graças aos pequenos e inovadores elementos que lhe insere (alguém alguma vez ouviu falar em cowboys zombies nesta época histórica?) se torna numa curta-metragem cómica sem limites que nos prende ao ecrã e nos faz devorar cada pequeno detalhe que lhe é inserido e que apesar de toda a violência gore gráfica que lhe é incutida consegue ser uma história bem menos violenta que os verdadeiros contos bíblicos recheados de momentos francamente mais sanguinários e vingativos do que a história ficcionada que aqui temos relatada e com a vantagem de ainda nos conseguir retirar muitos sorrisos e gargalhadas proporcionados por um "Jesus" que parece um daqueles amigos que todos temos e que costuma sair connosco ao sábado à noite.
Marc Velasco tem aqui créditos como aderecista, caracterizador, produtor mas seria impossível falar dele como outra coisa que não o "Jesus" de serviço. A sua interpretação não só é bem conseguida no domínio da comédia como, apesar dos seus inúmeros problemas em trazer os mortos de volta à vida... bem, de forma correcta pelo menos, consegue encarnar o vingador capaz de livrar a Terra de todo o mal, literalmente, de forma eficaz ao ponto de ser perfeita. Mas, não pensem que ele o faz à distância com um conjunto de armamento bem elaborado e ultra-moderno. Pelo contrário, este "Jesus" extermina todos aqueles mortos-vivos com o mesmo "material" pelo qual se destacaram alguns dos seus apóstolos e que foi o símbolo dos primeiros e "ilegais" cristãos. Os que conhecem um pouco de História sabem do que estou a falar... todos os outros têm obrigatoriamente de ver este brilhante e aparentemente eficaz novo "armamento".
Finalmente, e no que diz respeito a aspectos mais técnicos tenho obviamente de referir a magnífica e bem executada caracterização também a cargo de Marc Velasco em parceria com Adrián Cardona e Monica Murguia que facilmente consegue equiparar-se à das grandes produções de Hollywood e superar muitas pela qualidade "assustadora" que os resultados finais apresentam.
Cardona, Muñoz e Velasco são ainda os autores de um guarda-roupa cool e de época, ou de várias épocas se considerarmos os já referidos "cowzombies" (you'll get the idea...), e que em conjunto com a direcção de fotografia de Paco Ferrari e a direcção de arte do próprio Adrián Cardona nos fazem sentir de imediato como se nos encontrássemos numa qualquer conhecida produção cinematográfica de época e sim, o ambiente sente-se como se nos encontrássemos nos dias de Jesus. E isto sem esquecer o magnífico cartaz desta curta-metragem que é seguramente um dos melhores que este ano cinematográfico viu "nascer".
Por muito que possa aqui escrever sobre esta curta-metragem pouco será aquilo que irá conseguir recriar o espírito deste filme pelo que é obrigatório ver o que este conjunto de amadores (que mais parecem profissionais) conseguiu fazer, e esperar que os seus próximos projectos sejam de qualidade tão avassaladora como esta que aqui nos é apresentada.
Finalmente à dupla de realizadores Muñoz e Cardona só me resta dizer que com este registo o seu futuro está certamente assegurado e que a legião de fãs se já é extensa... será ainda muito mais. Quero mais... muito mais desta energia que uma perfeita comédia gore consegue exalar.
10 / 10
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