Triple Standard de Branden Blinn é uma curta-metragem dramática dos Estados Unidos que se inicia logo de imediato com um dos seus pontos mais fortes, ou seja, a sua música original composta por Guy-Roger Duvert que entrega a todo o filme uma extrema sensibilidade e emotividade.
O argumento que Branden Blinn escreveu leva-nos para um ginásio onde um grupo de amigos joga basketball que os une fora das suas obrigações diárias. Chegados aos balneários, Stanley (Ronnie Prouty) um habitual provocador, testa os limites de Crim (William Jennings) ao provocá-lo sexualmente.
Quando Crim, um ex-atleta profissional, verbaliza toda a sua homofobia, D (Lee Amir-Cohen) também presente no local e seu parceiro de casa, faz-nos entender que também ele é homossexual e que o esconde dos seus colegas e amigos. No entanto talvez não de todos fazendo denotar que Crim tem, também ele, os seus segredos que pretende não revelar.
Este filme preza pela qualidade na medida em que nos apresenta uma história sobre a falta de aceitação e sobre o preconceito sem que para tal precise de recorrer a um conjunto pré-concebido de ideias e de exibicionismos que condicionem a verdadeira mensagem que aqui se pretende transmitir. Assim este filme faz-nos reflectir sobre o preconceito que está tantas vezes inconscientemente inerente às relações humanas, mas eleva-o ao facto de fazer-nos também pensar sobre os preconceitos que cada um de nós tem a respeito da sua própria identidade e imagem, independentemente dos aspectos que a cada um o condicionem.
Lee-Amir Cohen e William Jennings têm fortes e consistentes interpretações como o par protagonista não assumido. Cohen como aquele que já se aceitou e procura como parceiro um homem que não se aceita e que tudo faz por repudiar aquilo que ele verdadeiramente é, assume-se como o elemento mais dramático e emotivo do filme. Por sua vez Jennings assume-se como a força e aquele que não pretende largar o passado, a sua ex-mulher e filho bem como o passado de atleta de alta competição, ao mesmo tempo que abraça a sua real sexualidade o que o faz viver num constante limbo do qual aparentemente não consegue (ou pretende) sair.
Os dois entregam interpretações que se encontram em lugares opostos de uma auto-aceitação e graças à direcção de fotografia de Sandra Valde-Hansen que retira grandes focos de luz ao redor dos actores obrigando assim ao espectador a uma maior concentração nas expressões dos mesmos, consegue torná-los focos de uma intimidade cúmplice que conquista o espectador mais adverso à temática em questão o que, aliado à já referida entrega dos mesmos e da história em si faz desta curta-metragem um filme diferente do habitual no género e, como tal, uma clara vencedora de uma forma global.
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9 / 10
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