Simetria de António Almeida é uma curta-metragem portuguesa de ficção que nos dá a conhecer Miguel (Rui Pires) um jovem a quem José Carlos (Luís Pinto) rouba o automóvel, mas que consegue vingar-se do seu assaltante.
A pergunta que se coloca é... até onde se é capaz de ir para fazer (a sua) própria ideia de justiça?
Esta curta-metragem apesar de amadora tem a sensibilidade de conseguir contar de forma coerente uma história de suspense e de vingança. Esqueçamos por momentos o facto de ser um trabalho não profissional e que apresenta as suas normais fragilidades, principalmente se abordarmos questões de som que nem sempre é perfeitamente perceptível, e concentremo-nos na sua essência. Temos a perfeita noção de que a história se quer de vingança e esses elementos estão de facto lá expressos, principalmente na frieza com que o "Miguel" de Rui Pires encara aquele homem que poderia ser um qualquer mas que resolveu assaltar a pessoa errada à hora errada.
Assim, sem grandes enredos ou artimanhas temos simplesmente um jovem que num momento em que é colocado à prova por um atentado contra a sua liberdade, resolve dar um uso prático aos estudos anatómicos que vai adquirindo na mais fácil e improvável "presa" que foi um dia seu agressor. Prático, conciso e eficaz.
No entanto é exactamente aqui que entra o aspecto mais frágil deste pequeno conto... ao capturar o seu anterior agressor, "Miguel" tem de pôr em prática a sua pequena vingança... e ao fazê-lo é notada a sua insegurança... ora se é para cortar, há que fazê-lo sem medos e nota-se aqui a sua relutância à consumação bem como a pouca credibilidade que a "vítima" (outrora agressor) expressa face a um dos mais dolorosos momentos da sua curta vida. Não prejudicando o fio condutor desta curta-metragem nota-se claramente que acaba por ser um dos seus pontos mais frágeisnão deixando, no entanto, de constituir um interessante trabalho.
Finalmente, e embora contextualizados os segmentos com pensamentos de Kant, nem tudo aquilo que vemos precisa de ser justificado com notas explicativas que, embora compreensíveis, cortam um pouco da dramatização dos momentos que se vivem.
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6 / 10
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