Stardust de Mischa Rozema, que é também autor do argumento, é uma curta-metragem holandesa vencedora da edição de Fevereiro último do Shortcutz Amsterdam que nos conta a história da Voyager 1, lançada em 1977 para o espaço com a missão de explorar o espaço para além do sistema solar e poder registar o maior número de imagens do desconhecido, testemunhando assim um território ao qual o Homem está ainda interditado.
Dito isto, esta curta-metragem funciona essencialmente como uma reflexão sobre a importância da condição humana na Terra e aos elementos que valoriza, bem como perante um imenso Universo ainda desconhecido do qual é apenas uma pequena parte.
Tendo como ponto de partida as inúmeras imagens disponibilizadas pela NASA ou até mesmo os universos recriados nos inúmeros filmes de ficção científica, Mischa Rozema adapta-os e recria a sua própria concepção do universo libertando a nossa mente para o desconhecido e obtendo deles novas perspectivas e pontos de vista como, por exemplo, o nascimento e morte de uma estrela que aqui podemos testemunhar não a partir de factos cientificamente comprovados mas sim pela ideia recriada que o realizador pretende transmitir e, ao mesmo tempo, estabelecendo ainda uma relação com o disco dourado enviado na missão espacial com as respectivas mensagens e imagens da Terra na hipótese de serem captadas por alguma forma de vida inteligente ainda desconhecida, assim como estabelece relação com as referidas etapas que o próprio ser humano atravessa diariamente.
Para recriar estes brilhantes momentos de puro deleite visual que servem, no fundo, como uma homenagem a todas as memórias de espaços e de pessoas que amamos e que pretendemos para sempre recordar, há que agradecer a uma fantástica equipa de efeitos especiais visuais composta por Ivor Goldberg, Chris Staves, Matthijs Joor, Jeroen Aerts, Marti Pujol, Silke Finger, Mariusz Kolodziejczak, Dieuwer Feldbrugge, Cara To e Jurriën Boogert que são acompanhadas por uma emocionante música original de Guy Amitai que nos eleva o espírito e que homenageiam Arjan Groot, designer holandês que morreu de doença prolongada, revelando que por muito breve que seja a passagem pela Terra (e Universo), todos deixam a sua pequena marca.
Uma curta-metragem diferente, por vezes quase psicadélica, mas que é ao mesmo tempo profundamente emotiva e cumpre uma certa missão de nos fazer pensar sobre o nosso pequen (grande) lugar num Universo que é tão apelativa como desconhecido.
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9 / 10
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