domingo, 28 de julho de 2013

Honesta Arruaça (2013)

.
Honesta Arruaça de De'Gema foi mais uma das curtas-metragens produzidas no 48 Short Media que decorreu em Viseu no passado mês de Junho, e aquela que de uma forma geral conseguiu recriar um clima mais cool e "bairrista".
Mário (Crispim Rodrigues) é um marialva apaixonado mas com sérios problemas de inspiração. Até a sua consciência lhe envia uma musa inspiradora (Sérgio Silva) como forma dele conseguir retirar algo para compôr uma música à sua amada Sofia (Francisca Figueiredo).
A paixão é de tal forma sentida que dificilmente conseguimos separar os seus comportamentos de sinais de evidente loucura mas, ainda assim, esperamos vê-lo finalmente com o alvo da sua paixão e perceber como ela se irá finalmente manifestar.
Dois momentos captam a atenção logo de imediato. O primeiro com a expressão que "Sofia" nos apresenta a curta-metragem... "um relógio de corda que se chama coração". Não poderia existir momento mais revelador de todas as intenções e de todas as vontades que esta simples frase não pudesse caracterizar. É por ele que sentimos, por ele que gostamos e por ele que temos necessidade de nos fazer mostrar e marcar pela (esperamos) diferença. O mesmo que dá a esta curta-metragem uma alma muito própria e que, assumo, gostaria de ver futuramente mais desenvolvido num filme que pudesse melhor elaborar estas personagens diferentes mas com as quais criamos uma imediata empatia.
Finalmente o segundo momento, e não menos intrigante, é a inserção da canção "Acordai" no final onde, após todas as confirmações estarem já consumadas, encontramos algo que podemos associar a um verdadeiro momento de intervenção que, de certa forma, caracteriza a alma de um "Mário" que não se deixa render às adversidades.
De todas as curtas-metragens produzidas durante o 48 Short Media esta é uma das que merecia uma continuação mais alongada e desenvolvida da sua personagem principal. O "Mário" que Crispim Rodrigues compõe tem uma alma grande demais para se ficar por aqui e faria todo o sentido podermos conhecer um pouco mais deste marialva dos tempos modernos, não só por ser uma espécie quase extinta como principalmente por se assumir como alguém que não se deixa vencer pelos padrões de "enquadramento" socialmente aceites, tornando-se por isso numa personagem interessante e do qual queremos conhecer mais, ou não tivesse ele uma tão característica musa inspiradora.
.

.
6 / 10
.

Sem comentários:

Enviar um comentário