sexta-feira, 5 de julho de 2013

Rosa Tingido (2013)

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Rosa Tingido de Patrícia Fernandes foi uma das curtas-metragens feitas no âmbito do evento 48 Short Media que decorreu entre 28 e 30 de Junho em Viseu, e que constitui uma das mais interessantes e agradáveis surpresas do mesmo.
Quando o pai (José Cruzio) precisa de uma babysitter (Tânia Silva) para tomar conta da sua filha (Mariana Cunha), estas estariam longe de pensar que iriam viver uma animada aventura às mãos uma da outra.
Se esta breve descrição resumisse esta curta-metragem, estaria longe de realmente perceber a essência de um brilhante filme que saiu de um genial 48 Short Media que, como o nome indica, todos os projectos são elaborados no espaço de quarenta e oito horas. Longe de o descrever porque esta curta-metragem denota vários elementos de excelência para qualquer filme que se preze. Iniciando logo a apreciação do seu argumento da autoria de Patrícia Fernandes e de Alexandre Marques, facilmente conseguimos perceber como uma história simples consegue resultar num bom filme quando feito de coração e com a simples vontade de contar uma história que funcione realmente. Este é o caso, especialmente se considerarmos todos os outros elementos que lhe dão cor e vida nomeadamente o facto de ser uma homenagem ao próprio cinema mudo visto que não existe um único diálogo durante toda a sua duração e que, como tal, a música assume aqui um papel predominante ao funcionar como o único elemento de comunicação de humores, de vontades e de planos mais ou menos "atrevidos" que as suas personagens elaboram.
Personagens essas que são brilhantemente interpretados por duas excelentes actrizes; Tânia Silva como a pouco paciente babysitter que tem os seus próprios planos para não perder a "guerra" em que se vê envolvida, e uma assumidamente superior Mariana Cunha que conquista qualquer espectador com o seu sorriso matreiro e interpretação que faria inveja a qualquer "profissional" juvenil que aparece numa ou outra telenovela de ocasião, e que com a "malícia" de qualquer criança que tenta conquistar o seu prémio acaba por conquistar sim o espectador que não lhe resiste.
Gostei ainda de um pequeno detalhe que, intencional ou não, resulta para a atmosfera pretendia de filme mais infantil, ao remover a identidade à única personagem adulta deste filme, ou seja, o pai interpretado por José Cruzio que assume também a direcção de fotografia que dá a esta curta-metragem o perfeito ambiente de filme mudo ao recriar um espaço grande para nos perdermos, mas suficientemente pequeno para constituir um universo próprio e familiar.
No final, que chega depressa demais, encontramo-nos com um sorriso na cara e com uma sensação de boa disposição que pede por mais deste bom cinema simples, inteligente e acima de tudo isso, com muita alma.
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9 / 10
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