Uma Curta de Amor de João Paulo Simões é uma curta-metragem portuguesa com a interpretação de um variado conjunto de actores portugueses sendo eles Luis Correia Carmelo, Sandra Celas, Lucinda Loureiro, Carlos Quintas, Marta Lapa, Susana Sá, Paula Pais, Teresa Sobral, Heitor Lourenço, Margarida Barata, Sara Belo, Rui Lopes Graça, Diana de Castro Loureiro, Rodrigo Soares, Inês Gonçalves e Margarida Moreira.
Em Uma Curta de Amor, também com argumento da autoria de João Paulo Simões, este variado conjunto de actores, anónimos nas suas personagens, interpretam à vez e em escassos segundos uma palavra que é acompanhada de uma expressão facial ou física que os condiciona à mesma, isto é, nos breves instantes em que presenteiam o ecrã com a sua presença observamos como emoções, condições físicas ou estados de espírito conseguem ser retratados de forma tão clara e que qualquer um de nós tão bem conhece, numa clara alusão àquilo que as vidas (as suas) se têm resumido ou pelos instantes que têm atravessado.
Se esta curta-metragem começa de forma desafiante ao entregar-nos esta condição física ou psicológica de um vasto conjunto de actores que a dada altura mostram também como se conseguiram superar às mesmas, não é menos verdade que findo este momento o filme termina sem um aprofundar das personagens e os porquês de terem sido levados às mais variadas condições e situações. Não escondo que a imaginação e o poder que esta origina sobre cada um de nós é algo que, por si só, é motivador e desafiante o suficiente para qualquer um de nós, no entanto, não é menos verdade que a porta que Uma Curta de Amor abre ao apresentar-nos situações diversas que podem servir de identificação pessoal a qualquer espectador pede para ser explorada e que se "entre" no espaço dos mesmos desenvolvendo as vidas que resultaram em momentos de inquietude, desassossego, inércia, impossibilidade, sufoco, desencanto, interdição ou tantos outros pelos quais aqueles rostos demonstram estar a atravessar.
Esta porta encerra com aquilo que percebemos ter sido o ultrapassar de momentos menos positivos para um estado tranquilo e de auto-satisfação presente ou futuro, mas não permitiu ao espectador perceber o início ou o final desejado pois não apresenta os "porquês" desejados que tudo justificassem, principalmente se equacionarmos que muitos desses mesmos momentos podem referir-se ao nosso próprio estado cujas definições a nós próprios tão bem se podem adaptar. Afinal, quantos de nós já não se sentiram encurralados e com tão pouco para dar para um futuro que aparenta não ter essa tal porta aberta para as nossas próprias ansiedades?! Assim, o argumento de Uma Curta de Amor é interessante pela premissa que ostenta desta actual realidade algo trágica pela qual todos passamos mas, ao mesmo tempo, é também insatisfatório pelo não concluir de um conjunto de histórias que teriam todo o potencial para ser algo mais... neste filme ou em vários que aquelas personagens ricas de conteúdo conseguissem levar em braços sobre as realidades individuais de tantos rostos, também eles anónimos, que percebessem que estão também perdidos num mundo que nem sempre é favorável.
Interessante a direcção de fotografia da autoria de António Mascarenhas que graças à sua escassez de luz e cor, fechando assim a possibilidade de encontrarmos espaços amplos e que assim coloca todas aquelas personagens em espaços aparentemente fechados e claustrofóbicos numa clara alusão ao próprio estado psicológico de cada um deles.
Uma Curta de Amor tem potencial enquanto um projecto a desenvolver para cada uma daquelas vidas que deixariam de ser anónimas para serem claros exemplos de vidas com as quais os espectadores conseguiriam encontrar claros sinais de identificação pessoal tornando este (esse potencial) filme numa obra desafiante e ambiciosa.
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4 / 10
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