37º4 S de Adriano Valerio é uma curta-metragem francesa de ficção presente na secção IndieJúnior da edição deste ano do IndieLisboa - Festival Internacional de Cinema Independente.
Tristão da Cunha é uma ilha perdida no meio do Oceano Atlântico. Com uma população de apenas 270 habitantes, Nick (Riaan Repetto) e Anne (Natalie Swain) são dois jovens adolescentes apaixonados que não só se conhecem desde que nasceram como em breve irão ver o seu amor colocado à prova graças à deslocação de Anne para Inglaterra... a milhares de kilometros de distância.
Valerio, também autor do argumento desta curta-metragem, tece aqui um sentido e muito honesto retrato não só sobre o amor como sobre o isolamento. A sensação de se sentir que a pessoa que se (nos) completa e que pode desaparecer para o outro lado do mundo e com isso fazer perder todo o sentido da vida, ou pelo menos aquele que em tão jovem idade se sente, são assim captados de uma forma sensível e honesta que nos faz apaixonar por esta terna história de um amor intocado, honesto e extremamente sentimental na sua forma mais pura.
Ao contrário daquilo que o título desta curta-metragem indica, nem o amor nem o seu lugar no mundo precisam de coordenadas - geográficas ou sentimentais - mas sim ser sentido, vivido e tido como algo que se sabe ser certo, honesto e verdadeiro. É isso que algures perdido no meio de um vasto Oceano se transmite ao espectador. Ainda que o espaço seja pequeno e com um limitado conjunto de pessoas, este foi o suficiente para se saber que estão ali duas pessoas que se completam independentemente da sua jovem idade, e que percebem que mesmo com a distância e os demais relacionamentos que um deles pode vir a experimentar, os dois estão feitos um para o outro.
Para além de um amor sincero, o primeiro e o de juventude, Valerio consegue ainda captar a essência de uma vida sentida em solidão que, quase como oposição ao amor vivido a dois coloca as experiências do jovem "Nick" em evidência perante o mundo. Precisará ele de algo mais para se sentir completo para além das coisas e dos espaços que sempre conheceu? Ele sabe que aquela estrada, a única que atravessa a ilha, sempre ali esteve - tal como ele - e que é a suficiente para fazer todo o percurso de um lado ao outro da ilha. Colocam-se então as questões... precisará ele de algo mais? De outras certezas? De outros caminhos? Quem poderá afirmar que ele não se encontra no seu estado e local ideal?
Vencedor de uma Menção Especial no Festival Internacional de Cinema de Cannes, 37º4 S é uma sentida e honesta curta-metragem sobre o lugar do Homem, ainda que ele seja apenas um adolescente, no mundo e na simplicidade de uma vida que o completa, que o deixa feliz ainda que desprovida de todos aqueles bens e espaços que podem para qualquer um de nós ser considerados como "essenciais". Curta-metragem esta que é enriquecida por uma sentida interpretação de Riaan Repetto, uma música original de Romain Trouillet capaz de nos fazer transportar para um qualquer lugar perdido no mundo e uma direcção de fotografia da autoria de Adriano Valerio e Loran Bonnardot que graças à captação de um conjunto de sombrias luzes nos insere num espaço pelo qual o tempo não passou.
Se não outra coisa, arriscaria dizer que 37º4 S mais não é do que um poema visual... uma ode à vida que apenas poderia ser encontrada num espaço por onde aparentemente o tempo insiste em não se fazer sentir.
.Tristão da Cunha é uma ilha perdida no meio do Oceano Atlântico. Com uma população de apenas 270 habitantes, Nick (Riaan Repetto) e Anne (Natalie Swain) são dois jovens adolescentes apaixonados que não só se conhecem desde que nasceram como em breve irão ver o seu amor colocado à prova graças à deslocação de Anne para Inglaterra... a milhares de kilometros de distância.
Valerio, também autor do argumento desta curta-metragem, tece aqui um sentido e muito honesto retrato não só sobre o amor como sobre o isolamento. A sensação de se sentir que a pessoa que se (nos) completa e que pode desaparecer para o outro lado do mundo e com isso fazer perder todo o sentido da vida, ou pelo menos aquele que em tão jovem idade se sente, são assim captados de uma forma sensível e honesta que nos faz apaixonar por esta terna história de um amor intocado, honesto e extremamente sentimental na sua forma mais pura.
Ao contrário daquilo que o título desta curta-metragem indica, nem o amor nem o seu lugar no mundo precisam de coordenadas - geográficas ou sentimentais - mas sim ser sentido, vivido e tido como algo que se sabe ser certo, honesto e verdadeiro. É isso que algures perdido no meio de um vasto Oceano se transmite ao espectador. Ainda que o espaço seja pequeno e com um limitado conjunto de pessoas, este foi o suficiente para se saber que estão ali duas pessoas que se completam independentemente da sua jovem idade, e que percebem que mesmo com a distância e os demais relacionamentos que um deles pode vir a experimentar, os dois estão feitos um para o outro.
Para além de um amor sincero, o primeiro e o de juventude, Valerio consegue ainda captar a essência de uma vida sentida em solidão que, quase como oposição ao amor vivido a dois coloca as experiências do jovem "Nick" em evidência perante o mundo. Precisará ele de algo mais para se sentir completo para além das coisas e dos espaços que sempre conheceu? Ele sabe que aquela estrada, a única que atravessa a ilha, sempre ali esteve - tal como ele - e que é a suficiente para fazer todo o percurso de um lado ao outro da ilha. Colocam-se então as questões... precisará ele de algo mais? De outras certezas? De outros caminhos? Quem poderá afirmar que ele não se encontra no seu estado e local ideal?
Vencedor de uma Menção Especial no Festival Internacional de Cinema de Cannes, 37º4 S é uma sentida e honesta curta-metragem sobre o lugar do Homem, ainda que ele seja apenas um adolescente, no mundo e na simplicidade de uma vida que o completa, que o deixa feliz ainda que desprovida de todos aqueles bens e espaços que podem para qualquer um de nós ser considerados como "essenciais". Curta-metragem esta que é enriquecida por uma sentida interpretação de Riaan Repetto, uma música original de Romain Trouillet capaz de nos fazer transportar para um qualquer lugar perdido no mundo e uma direcção de fotografia da autoria de Adriano Valerio e Loran Bonnardot que graças à captação de um conjunto de sombrias luzes nos insere num espaço pelo qual o tempo não passou.
Se não outra coisa, arriscaria dizer que 37º4 S mais não é do que um poema visual... uma ode à vida que apenas poderia ser encontrada num espaço por onde aparentemente o tempo insiste em não se fazer sentir.
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