quinta-feira, 26 de maio de 2016

The Huntsman: Winter's War (2016)

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O Caçador e a Rainha do Gelo de Cedric Nicolas-Troyan é uma longa-metragem norte-americana e a sequela de Snow White and the Huntsman (2012), de Rupert Sanders.
Anos antes da história tal como a conhecemos, a Rainha Ravenna (Charlize Theron) descobre a gravidez de Freya (Emily Blunt), a sua irmã. Depois do seu amado matar o fruto do seu amor, Freya liberta toda a sua força congelando metade do reino e tornando os filhos dos seus súbditos em fortes guerreiros que conquistavam territórios além fronteiras.
Num reino que é agora desprovido de amor, Eric (Chris Hemsworth) e Sara (Jessica Chastain) desafiam as ordens de Freya escondendo a relação que os une. No entanto, quando as forças do mal se unem tentando destruir todos aqueles que as desafiam, eis que nos lugares mais sombrios do reino surge uma Branca de Neve doente e um Espelho Mágico com os seus próprios segredos por revelar.
Em The Huntsman: Winter's War existe um antes e um depois em relação a Snow White and the Huntsman. Num primeiro segmento de The Huntsman: Winter's War, o espectador é levado aos primórdios das duas rainhas irmãs - "Ravenna" e "Freya" - e das relações de confiança cega de uma em relação à outra ao mesmo tempo que "Freya" se afirmava como uma rainha fria (literalmente) e despeitada para quem o amor passara de elemento fundamental àquele que era veemente repudiado e contra o qual lutava com todas as suas forças. É neste mesmo segmento que o espectador conhece os primeiros instantes de um jovem "Eric" - o Caçador - como ele se transformou num guerreiro experto e as origens do seu coração despedaçado que assistimos - sem compreender - em Snow White and the Huntsman.
Num segundo momento, The Huntsman: Winter's War aborda os anos seguintes a Snow White and the Huntsman e a transformação de um reino pacífico no qual todos tentam e conseguem encontrar a prosperidade e a tranquilidade que não sentiram durante o reinado de "Ravenna". No mesmo reino em que uma "Branca de Neve" se assume como rainha bondosa que todos respeitam mas que, no seio do seu próprio palácio, o Espelho Mágico começa a controlar e atormentar não só o seu juízo como a sua vontade. Eis que começa a acção de The Huntsman: Winter's War.
Tendo sempre em mente as origens das suas personagens, nomeadamente as de "Eric" que volta a ser protagonista, as de "Sara" que agora se revela como o par romântico do caçador e obviamente "Freya", a origem da sua violenta separação, The Huntsman: Winter's War volta a despertar a magia de um típico filme de aventura e fantasia que apela à imaginação do espectador para que as mesmas ganhem vida e cor. Sempre com um antes e depois em mente, o espectador deixa-se levar pelas aventuras e pelo universo dos reinos encantados que, uma vez mais, comprovam que nem sempre eles são perfeitos e recheados de pequenas grandes personagens com vidas imaginárias fabulosas mas sim, que no seio dessa imaginada perfeição existe maldade, corrupção, vilanagem e um sem fim de más intenções que tentam - e atentam - contra aqueles que estando mais desprevenidos se deixam levar numa teia de intrigas e inuendos dignos das mais pérfidas intenções.
Ainda que The Huntsman: Winter's War consiga captar todo o imaginário do primeiro filme não deixa de, no entanto, ter a sua própria vida e enveredar pelo ambiente de conto de fadas mas, desta vez, apenas dando destaque ao "Caçador" de Chris Hemsworth que aqui revela o seu lado mais sentimental ou, pelo menos, as origens do seu bloqueio amoroso sentido pelo espectador no título que se lhe precedeu. A sua relação com "Sara" interpretada por Jessica Chastain que oscila entre o amor e a repulsa fruto de um evento não explicado no passado de ambos é a pedra basilar destas duas personagens. Tal como é habitual no género, a ilusão assume aqui um papel importante na medida em que distancia as personagens principais criando um vácuo nas suas relações que necessita ser colmatado com o desenrolar da história e, ao mesmo tempo é ela também que acaba por dar corpo à segunda personagem principal da mesma, ou seja, "Ravenna", em mais uma inspirada interpretação de Charlize Theron que regressa tão ou mais pérfida que no primeiro título, desesperada por dar corpo a um ideal de beleza e juventude que não a irão travar no caminho pela destruição de todos aqueles que possam reter mais do que aquilo que ela pretende irradiar.
Com os seus novos e mais elaborados "tentáculos do mal" - literalmente falando - "Ravenna" acaba por, tal como no primeiro título, ser a personagem mais rica de toda esta longa-metragem. O espectador não só cria uma estranha empatia com ela - que é como quem diz... com o mal - como também percebe que a sua origem e ambições poderiam potenciar todo um filme próprio onde a juventude tão cobiçada de "Ravenna" fosse finalmente explorada dando a conhecer os porquês de uma obsessão que roça o doentio. Nos breves instantes em que cruza o grande ecrã - afinal só no início e depois no final de The Huntsman: Winter's War -, Charlize Theron exala o seu implacável magnetismo roubando toda a atenção que o espectador possa depositar nas demais personagens tendo apenas rival numa gélida Emily Blunt vidrada numa idêntica obsessão com o ódio que sente por aqueles... que sentem.
De um Hemsworth linear com a personagem que já havia apresentado em Snow White and the Huntsman e uma Jessica Chastain em modo guerreira completam o elenco protagonista que, no entanto, dá ainda lugar a Nick Frost e Rob Brydon como o par de anões também eles guerreiros e que os acompanham na demanda pelo enigmático e malévolo Espelho Mágico tão central em toda a trama mas tão secundário na exposição que aqui tem caindo, de certa forma, para um décor necessário mas pouco presente.
Do amor presente em Snow White and the Huntsman à sua falta em The Huntsman: Winter's War, a este último falta uma certa verve de fábula existente no título inicial estando aqui mais presente uma necessidade de fazer rentabilizar o franchise com todo um conjunto de novas personagens que têm - obviamente - as suas próprias histórias esquecendo, por sua vez, de dar corpo àquele lado imaginado, fantástico e de fantasia que deveria estar presente nesta história. É certo que todos os elementos estão lá presentes, e podemos confirmá-lo desde logo com os sumptuosos elementos de uma exímia direcção artística e de um guarda-roupa de fazer inveja a qualquer longa-metragem mas, na sua essência, existe um certo fio condutor que se perde de SWatH que aqui dá lugar a uma história onde a acção e a aventura ganham um corpo mais resistente. Não desce a qualidade mas sim a dinâmica e seria mentira se qualquer um de nós que aprecia o género não admitisse que esperava um pouco mais do perceptível magnetismo de uma Charlize Theron disposta e com capacidade de levar a sua "Ravenna" a um campo mais longínquo, sombrio e onde o medo conseguisse imperar face a todas as coisas bonitas da vida.
Vale a pena enquanto uma continuidade e um potencial "filme do meio" rico em pequenos grandes detalhes de cenário e composição mas, no entanto, desengane-se aquele que aqui chegue e pense que vai encontrar uma obra superior a Snow White and the Huntsman.
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7 / 10
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