A Noite dos Mortos-Vivos de Fede Alvarez é possivelmente o mais aguardado filme de terror do ano não só para os fãs da obra original dos anos 80 do século passado mas também para toda uma nova geração de fãs do género que, independentemente de aqui não termos mortos-vivos mas sim espíritos a possuírem os corpos do mais cuidadoso interveniente, estão ansiosos por ver sangue... muito sangue.
Quando normalmente nos é dito que a história se repete... pois é um facto: a história repete-se mesmo, ainda que existam alguns aperfeiçoamentos e a recriação de um enredo secundário fiel aos anos e à época que vivemos.
Cinco jovens adultos (indispensáveis no género que aqui se pretende defender), deslocam-se para uma cabana isolada numa floresta para uma intervenção a Mia (Jane Levy), ajudando-a assim a livrar-se da sua dependência da droga. Aos amigos Eric (Lou Taylor Pucci) e Olivia (Jessica Lucas) que mais têm privado com ela, juntam-se David (Shiloh Fernandez) o irmão, e Nathalie (Elizabeth Blackmore), a namorada deste, para aquela que iria ser a noite mais intensa das suas vidas.
Depois de encontrado o Livro dos Mortos e de lidas algumas das suas passagens, o mal está libertado para se ocupar de possuir os corpos, e principalmente as mentes, dos jovens amigos e conseguir assim dominar o mundo... a não ser que alguém o consiga travar.
Como se pode adivinhar, especialmente para quem já viu o título original, aquilo que aqui nos aguarda é essencialmente uma quantidade descomunal de momentos mais ou menos repugnantes que uma caracterização bem conseguida nos proporciona ao longo de todo o filme, e um conjunto de sustos também bem enquadrados e que começam bem cedo para não nos deixar aquecer o lugar antes de dar o primeiro salto (mortal).
Ao contrário do título dos anos 80, este A Noite dos Mortos-Vivos consegue ter um elemento que funciona bastante a seu favor que se prende essencialmente com os seus exteriores. Apesar de escassos e pontuais, têm a vantagem de se apresentar naturais e não "de estúdio" como no título original, no entanto, e apesar da muito eficaz caracterização aqui apresentada, o título original vence por longa margem no que diz respeito não só ao gore apresentado como também no próprio ambiente "inexperiente" que foi recriado nesse já longínquo título, e até a aproximação ao Livro dos Mortos consegue aqui ser muito mais "branda" do que fora há trinta anos atrás... afinal, quem de nós não se lembra daquela tão arrepiante gravação que servia como o anúncio do mal na Terra?!
As interpretações, embora tipificadas para este século XXI, não deixam de ser consistentes e fiéis ao género, sendo de destaco tanto Shiloh Fernandez como o irmão com remorsos pelo abandono da sua problemática família e a protagonista Jane Levy que é a própria encarnação da vítima perfeita para uma entidade maligna, sendo ela própria o recipiente procurado para o trazer de volta.
Destaque ainda para a composição musical do espanhol Roque Baños que recria o ambiente perfeito, sendo este, no entanto, um pouco "abafado" pelos insistentes "cortes de luz" a que somos sujeitos durante o filme que são perfeitamente desnecessários no que diz respeito à recriação do pânico e do sentimento de claustro que se pretende em diversos segmentos.
Interessante, bem conseguido e competente no que se propõe constituindo mais uma aposta ganha deste jovem realizador uruguaio mas que, no entanto, não é aquele tão superior sucessor como se pretendia que fosse. É eficaz (e nojento)... mas não permanece como uma referência.
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6 / 10
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